sábado, 10 de fevereiro de 2018

CHEESECAKE Sara Veiga




CHEESECAKE DI FRUTTI ROSSI - Ricetta di pseudo-chef di cucina, Sara Veiga

INGREDIENTI:

Di base: 
- 400g di biscotto (il biscotto deve essere schiacciato)
- 80g di burro
- Un poco di latte

Per la crema:
- 400g di formaggio PHILADELPHIA
- 2 yougurt greco (+/- 300g)
- 2 panna da montare (+/- 400ml)
- 250g di zucchero
- 5 fogli di gelatina

Per coprire:
- 400g di frutti rossi (importante che il frutti sono freschi e maturi)
- un poco di zucchero

COME FARE???

Semplice, niente da sapere.

1 - Aggiungere il burro fuso con il biscotti schiacciati e il latte per formare una pasta.

2- Prima mescolando il formaggio con lo yogurt. Dopo, la panna in un altro contenitore con lo zucchero, e, infine mettere tutto insieme nello stesso contenitore, e anche aggiungere il fogli di gelatina.

3- Il frutti devono essere lavati e tagliati, mescolato con lo zucchero e sciogliere in una casseruola.

Ed é pronto, bouno apetito  !!


quinta-feira, 27 de abril de 2017

:: Ancestralidade ::



Hoje volto meus olhos para trás e me proponho a conversar sobre os pecados, os erros e os enganos de minhas Ancestrais. Aqueles que nós – descendentes – tentamos “pagar” e resgatar através de nossa dor, nosso sofrimento, nossas repetições.
Me volto para trás sem raiva, acusações ou desgosto, apenas com o olhar de quem compreende e ao compreender, perdoa. E para que este perdão se estenda, é preciso deixar um rastro de amor, que segue para trás tanto quanto esta herança seguiu para frente, colorindo o caminho de rosa (a cor do amor incondicional); de violeta (a cor da consciência) e de verde (a cor da cura). E de preferência espalhando ervas, flores, cristais e benzeduras, para reafirmar a intenção de REVIVER PARA CURAR, e não reviver para sofrer de novo.
Hoje volto meus olhos para trás e habito o ventre de cada mulher que já carregou parte do que sou hoje – esta corrente genética interminável que contém o registro das dores de tantas gerações. E habito cada um destes ventres para de novo frutificá-lo, purificá-lo, torná-lo novamente o Vaso da Vida e não o Vaso da Morte. E ao visitar este ventre grávido com respeito, amor e reverência, semeio vida onde há a morte que se manifesta em doenças, desarmonias e padrões – que são apenas os chamados da Alma para que nos voltemos para trás para curar. Não para acusar, não para remoer – PARA CURAR.
Hoje pego o facão de minhas avós benzedeiras – não o de matar e sacrificar – mas o de cortar as ervas e raízes que são usadas para curar. Hoje recebo o legado do uso sagrado dos Saberes Femininos que foram usados para espalhar amor, cura, nascimentos. E perdoo – e igualmente recebo – as vezes em que este conhecimento foi usado para provocar abortos, morte e sofrimento. Eu aceito ambos os lados – Luz e Sombra – porque são os dois aspectos do conhecimento e de poder. Mas ESCOLHO, como escolhi ainda no ventre de minha mãe – cooperar com a Natureza e com a Deusa manifestada na Terra, para levar cura, avanço, alegria e leveza a todos a quem eu puder alcançar. Reconheço, recebo e integro a Sombra do conhecimento usado para manipular e torcer, mas ESCOLHO receber e semear o legado de luz que esta herança carrega.
Hoje me coloco diante do Portal da Ancestralidade e me conecto com os legados recebidos e ESCOLHO. Escolho por todas aquelas que não puderam ou não tiveram a oportunidade de escolher. Escolho o Amor por aquelas que nunca o experimentaram. Escolho o Perdão por aquelas que deixaram este mundo envenenadas de desgosto. Escolho Consciência por aquelas que passaram pela vida sem saber o resultado ou as consequências de suas ações. Escolho usar com sabedoria e senso de serviço o Conhecimento Sagrado por aquelas que sequer sabiam o quão sagrado este Conhecimento era. Escolho praticar justiça em todas as relações por aquelas que foram injustiçadas primeiro e injustiçaram depois. Mais do que tudo, diante do Portal da Ancestralidade, ESCOLHO o que me faz bem, me nutre e alimenta e devolvo o que não me pertence. Mas devolvo CURADO, envolvido no papel da seda do coração, no violeta cristalino da Consciência. E reverencio o aprendizado que cada uma destas Ancestrais me permitiu, nesta construção de tijolo a tijolo – célula a célula – de quem somos e do que viemos para Ser.
Cler Barbiero

quinta-feira, 31 de março de 2016

:: Maternidade ::




A única coisa que minha mãe me recomendou, no aeroporto, foi:
- Não traga seu "mestrado" pelo braço!

Vez ou outra, essa voz invade meu pensamento.
Talvez porque foi a última frase, talvez porque sempre quis ser mãe, talvez porque agora já não tenho mais tanta certeza, talvez porque falte coragem...

A verdade é que já arrumei muitos filhos desde que cheguei.
E essa maternidade me ensinou muitas outras formas de parir... de abortar.... de educar.... de por de castigo... e de me culpar.
Minha casa já foi creche, já foi orfanato, já foi escola e já foi assaltada.

Nunca engravidei... vou continuar seguindo o conselho da minha mãe.
Mas, com certeza, levarei meus muitos  "mestrados" no coração!!!

:: Madrugada ::


















Na madrugada o tempo é outro, é mágico
É quando todos vão dormir e eu finalmente posso ser eu.
O mundo para e eu faço o que quiser, sem regras, sem horários, sem script..
Tiro as máscaras, as amas, os escudos, as fantasias, os sapatos... e descanso
O  que acontece no escuro é diferente. 
É como se tudo que foi preso de dia, tivesse livre de noite
Tem silêncio na rua, mas dentro de mim tem um jardim de infância com 20 crianças correndo soltas.
Os medos, as vontades, os sonhos, as preocupações... brincam todo dia.


Nunca estou ocupada de madrugada, nem atrasada, nem com calor.
Não tenho que ir a academia, ou a reunião, ou levar minha mãe ao médico
É aquele tempo livre que nem cabe na agenda... 
A madrugada é minha, só minha... não me permito compromissos...

A madruga é profunda, criativa e muito flexível.
Nela, não há desculpas.... só lamento, desejo ou compulsão
A regra perde a força, a ordem perde o sentido e a coisas perdem a forma.
Eu me desalojo de mim mesma e percorro os caminhos da liberdade interior
É quando as emoções atingem seu ponto mais alto... e transbordam.
Abrindo espaço para a ousadia dos sabores novos... 
Mesmo se toda noite eu quiser a sobremesa de sempre. 
E se a noite é uma criança, a manhã, com certeza, é uma velha ranzinza!

terça-feira, 31 de março de 2015

:: Intimidade ::



Intimidade é jogar no mesmo time. É quando outra pessoa faz um gol e o ponto é seu. Torcem, comemoram e choram juntos a cada ponto ganho.
Intimidade é poder desabafar. É quando a pessoa te liga no meio da madrugada e fica HORAS falando de coisas que ainda não aconteceram. E o outro, muito naturalmente, prolonga a conversa como se soubesse com prioridade o assunto.
Intimidade é poder se calar. É quando a pessoa some, e mesmo morrendo de saudades, o outro entende e respeita a turbulência alheia.
Intimidade é o pacto que se firma não por princípios morais. É quando essa vinculo se consolida, por convicção, em valores emocionais, e até mesmo espirituais, invisíveis aos olhos. Independente da existência de condutores ou contratos.
Intimidade é fazer absoluta questão da presença. É quando a pessoa faz tanta questão que compra passagens de viagens, ingressos de festas, bilhetes de espetáculos e só te avisa depois. MUITO depois... Perguntar antes? DESnecessário!
Intimidade é compartilhar a senha da própria vida. É quando você pode contar até mesmo o que mais quer esconder, e a pessoa descobre o melhor esconderijo para esse segredo.
Intimidade é não precisar solicitar conexão. É quando a aproximação é feita sem demora, reservas, desconfianças.
Intimidade é conhecer as fraquezas, dores, tombos e dificuldades. É quando a pessoa não usa isso como álibi na hora da desavença; ao contrário, suporta a imperfeição e te ajuda a se levantar.
Intimidade é a defesa certa, na sua ausência. É quando o outro te defende, te protege, te resguarda, te guarda bem junto dele, mesmo sem a sua presença.
Intimidade é ver seu filme predileto virar realidade (e ficar muito feliz com isso). É quando, num belo dia, se ganha um vizinho IGUAL do "Doce Novembro"!!!
Intimidade é ser fiel por opção. É quando a pessoa prepara seu terreno, se preocupa com o seu sofrimento e antecipa a cura.
Intimidade é se confundir um pouco. É quando não se sabe bem o que veio de um, ou o que surgiu no outro.
Intimidade é ficar atento ao amor. É quando um é zeloso com coração do outro.




sábado, 9 de agosto de 2014

:: Coimbra ::




Passei tanto tempo desse lado da vida que tem dias que é difícil lembrar de como era antes, de como EU era antes. O esforço é grande, e ainda assim, muitas vezes a tentativa é em vão.
Cheguei, como a maioria: com o deslumbramento de turista, ar poético, ouvidos atentos e um olhar de romance, como quem olha tudo pela primeira vez.
Hoje vou embora, como moradora: com uma irritação de residente, insatisfação do repetitivo,  com desejo de novidade e um suspiro profundo.

O blog que começou contanto histórias pontuais locais, hoje conta mais uma percepção geral de mim mesma. Eu que pedia ajuda com os trajetos turísticos, hoje dou explicações históricas feito guia. Os cenários a serem desbravados foram mudando, e hoje percebo que a cada dia fui tomando posse e tornando residente de mim mesma.

Deixar a Terra do Nunca é mesmo assim, acordar de um sonho lindo e ter que voltar para a casa.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

:: Para mim ::
















"Por Mim


Você seguiria meus passos

ia ao meu encontro...
caso tudo desse certo?

Você se curvaria ao que acho
ouvia o que eu conto...
pra eu me sentir esperto?

Eu não.
Por mim...

Você seria meus passos
ia ao meu lado...
mesmo com tudo errado.

Você falaria o que eu acho
me ouvia calado
pra eu me sentir eu.

Você não...

Foi pra mim."

[Murillo Sanches]


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

:: Desejo intimo ::


Quero colo, abraço forte, beijo roubado, corpo colado.
Quero charme, frio na barriga, rosto corado, jogo desarmado.
Quero pernas bambas, cabelo suado, pescoço marcado, coração acelerado.
Quero um amigo, um irmão, uma paixão, um noivo, um anjo.
Quero ter pra onde voltar, ouvidos interessados, preocupação zelosa.
Quero mãos dadas, almas predestinadas, passo firme, destino.
Quero bom humor, descanso, balanço, chamego manso.
Quero familiaridade, intimidade, ficar a vontade, ficar por vontade.
Quero ser escolhida, desejada, mimada, protegida, especial.
Quero conselho, apoio, chão, asas, sentido.
Quero atitude, entrega, surpresa, presença..
Quero cuidado, compromisso, transparência, tolerância.
Quero sabedoria, sintonia, alegria, companhia.
Quero delicadeza, leveza, pureza, gentileza, fortaleza.
Quero equilíbrio, encanto, companheirismo, bondade, honestidade.
Quero suavidade, sensibilidade, sinceridade, religiosidade,  intensidade.
Quero simplicidade, lealdade, flexibilidade, espontaneidade.
Quero atenção, emoção, dedicação, compreensão, consideração.
Quero respeito, compaixão, demonstração, admiração, gratidão.

Mas só preciso ser amada!

:: Superfície ::




Para muitos é dado a visão. As pessoas veem os fatos e constroem suposições, de acordo com o seu próprio padrão. Espera-se sempre ver nos outros, o reflexo de nossas próprias atitudes.
Para poucos é dado a percepção. Quase um dom perceber o que vai além das fugas, além das reações, além dos instintos, além das palavras muito bem articuladas. Quem vê apenas as aparências do reflexo, não percebe o que a profundidade esconde.

Quando se olha na superfície de um rio, vemos nossa própria imagem refletida. Todo Narciso se acha mais bonito, e é fácil se deixar levar pela beleza das aparências. Difícil é mergulhar no mar profundo das pessoas, para percebê-las. É preciso  profundidade para descobrir um oceano diferente de nós mesmos ou do que vivenciamos. E quando ha tempo para a exploração, conhece-se a diversidade e o padrão perde sua referência.
Ser profundo é ter uma arca do tesouro escondido; é ter lama e água cristalina coabitando o mesmo mar; é ter uma margem sem reflexo e cheia de ondas; é deixar de ser Narciso e ter consciência de uma beleza imperfeita e diferente da do espelho; é ver o outro como ele realmente é, perceber o desconhecido.

Vivemos de aparências. Julgamos o que parece ser. E acreditamos no que não é.
A essência tá escondida, esquecida e desacreditada.
A superficialidade se tornou mais importante. Ter um comportamento padrão e politicamente moldado é mais valorizado do que ser autêntico.  Ser profundo é arriscado, exige tempo, dedicação, esforço, dá trabalho e dor de cabeça.

sábado, 24 de agosto de 2013

:: Carta de Despedida ::




Antes de qualquer coisa, gostaria de te dizer obrigada.
Me sinto tão agradecida por tanta coisa, que seria desleal tentar listar, ou mesmo priorizar, os momentos em que você foi essencial. Nos detalhes simples,ou até nos mais profundos sermões, você demostrou ser admirável. Não por ser perfeito, mas por ser, antes de tudo, autêntico.
Coimbra nos proporciona a convivência com a adversidade, mas sei, será difícil encontrar sua singularidade,  ou mesmo o seu encanto, em outros rostos. De uma forma muito sutil, você me proporcionou o conforto de ser quem eu sou. Minha identificação com sua personalidade, me trouxe segurança nas turbulências e paz para continuar no barco.
Hoje, a tristeza de te ver partir é diretamente proporcional á alegria que senti com a sua presença no meu convívio diário. Contudo tenho certeza que essa distancia será apenas física, nossas afinidades vão além do temperamento, além dos valores.. nossa conexão é mental, muitas vezes espiritual. Tudo o que vivemos, guardarei  sempre comigo.Você talvez nem faça idéia do tanto que nossa amizade me acrescentou... do tanto que ela me fez mais humana.... do tanto que ela me direcionou. Meus padrões de referências mudaram por sua causa. Sentirei muito a sua falta, falta do bom humor, da irreverência, do diálogo, do afeto, da similaridade, da falta de constrangimento em nossos silêncios.

Certa vez, você falou que meu terreno era frutífero. mas tudo se deve a origem do meu adubo, pois a luz e água vem do alto, mas é no que me rodeia que absorvo os nutrientes e sustento minhas raízes.
Feliz o dia em que escolhi você para me aprofundar. Feliz o dia em que você aceitou.
Antes de qualquer coisa, gostaria de te dizer obrigada.

:: Queimada ::



Quando eu tinha nove anos, eu adorava jogar queimada. Eu era ótima. Sempre ganhava.
Quando se tem trinta e dois, e se resolve jogar queimada, o que se ganha é uma blusa rasgada, várias bolhas por toda a sola do pé, uma bola na cara, uma unha sangrando, além, é claro, de muita diversão.
Acho que vinte e três anos depois, continuo ótima.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

:: Espinhos ::



Eu cuido de cactos.
Eles são resistentes, independentes, exigem pouca atenção.
Eles são fortes, valentes, não me dão preocupação.
Possuem muitas defesas, escudos, não gostam de carinho.
Me machucam, me espetam, possuem muitos espinhos.

Eu cuido dos cactos, mas eles não cuidam de mim.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

:: Menina criada em roça ::




Hoje, depois de anos, subi no pé de limão aqui do quintal.
Me fez lembrar da fazenda e da época em que subir em árvores, era só mais uma distração do dia.
Me fez lembrar das frutas que eu apanhava do lado de lá.
Me fez lembrar das minhas origens e de quem eu era...

Hoje, depois de anos, estou toda arranhada.
Mas, pela primeira vez não achei ruim,
pela primeira vez o limão era siciliano,
pela primeira vez foi do lado de cá...

Independente do cenário, as histórias, as vezes se repetem...
Independente do lado, eu, as vezes me repito também!



terça-feira, 28 de maio de 2013

:: Sinais ::


As vezes, sinto saudades do que não aconteceu,
De pessoas que nunca existiram,
De sentimentos que não lembro ter sentido.
Depois desse vazio, vem a tristeza acompanhada da dúvida.
Como posso sentir saudades de algo que não vivi???
Mas se o sentimento é latente, quem garante que não existiu???
Algumas sensações são tão fortes quanto um beliscão.
Ainda assim, é difícil traduzir a linguagem da minha alma.
Ela fala, grita, gesticula, desenha, até me esbofeteia.
Me sinto criança tentando decifrar minha própria caligrafia.

sexta-feira, 9 de março de 2012

:: Oscar, Chico e Tom ::




“A casa do Oscar era o sonho da família. Havia um terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira.
Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e saí batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguases, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquele casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar.
Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é casa do Oscar.”
Chico Buarque de Holanda

domingo, 1 de janeiro de 2012

:: Tantas outras ::




Carrego dentro de mim, muitas outras de mim.
Sou tantas coisas e já fui tantas outras.
Tem gente que me conhece partes, outros não gostam de tudo, alguns nem imaginam.
Me reagrupo de tempos em tempos. Me organizo quase nunca, é meio bagunçado mesmo.
Mas carrego tudo comigo. E tento ser leve.
Não como reservatório,  mas como rio que flui.
Sempre há espaço para novas outras, sem limites, sem rótulos, sem sentido.
É Meio bagunçado mesmo. Nesse oceano algumas partes se perdem.
Mas o bom de ser muitas é que há sempre quem sai pra procurar, enquanto as outras continuam seguindo em frente. É divertido.
Tem dias que parece reunião de condominio descidindo um novo síndico.
Algumas não se dão. Outras implicam com a vizinha nova. É chato.
E nessa gangorra aprendo a me equilibrar.
Afinal são elas que habitam a minha alma.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

:: Para sempre ::




Tem dias que de tão bonito são a cara da Nara Gisele.
Tem dias que só não são a cara dela porque são blauens.
Se o sorvete for de abacaxi vem com o nome dela dentro.
E se for pra cair, tem que ser de felicidade no supermercado.

Já os abraços só são dela quando são apertados.
O valor dela é alto demais, mas para mim ela faz um desconto.
Ao lado dela me sinto em casa, tiro o sapato e pronto.
Em todas tentativas sofridas de correr, a imagem dela me incentiva.
Vejo-a também toda vez que me sorri alguma demão de tinta.
Minhas séries de domingo contam com parte dela no sofá.
Mesmo quando o filme é ruim ela assiste só para me agradar.
Ela tem brilho de estrela quando canta.
E cheiro de coisa boa, por isso encanta.
Era o brinquedo que eu não largava.
A parte de mim que eu mais gostava.
Toda coreografia tem os passos ensaiados da Preta.
E muitas melodias têm os acordes de sua voz.
Quando a alegria é espontânea ela aparece em minha frete.
Quando a tristeza é bonita ela se esconde em mim.
Gosto tanto dela que nem sei por onde começar.
Ela faz tanta falta que nem sei quando vai acabar.
Em toda risada tem um pouquinho dela.
Em toda saudade tem muito dela.
Minhas melhores histórias não existiriam sem a sua presença.
E as ruins, são piores porque ela não estava junto.
Ela anda de bicicleta em meu coração.
E de mãos dadas em minha vida!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

:: Pessoas ::





Sem dúvida uma das maiores lições que aprendo desse lado do oceano é sobre a arte de me relacionar com as pessoas. Aqui o tempo é intenso e rápido. Nesse cenário, as relações são mais fortes e exigem desenvoltura. E isso acontece em ciclos: de 6 em 6 meses tudo se renova. A cada semestre novas pessoas aparecem e com elas novas histórias, novas experiências, novas personalidades e novas chances de colocar tudo em prática.

Adoro conversar e conhecer a fundo o ser humano. A superficialidade me incomoda, gosto mesmo é de saber o que mora no íntimo e nunca é revelado. Respeitar o outro foi o primeiro aprendizado. Respeitar o tempo do outro foi o segundo. Lidar com pessoas muito diferentes nem sempre é fácil, mas é sempre muito encantador. Compreender o espaço e as vontades alheias, mesmo quando a sua própria individualidade não está sendo compreendida, é um desafio diário. Com isso exercito cada vez mais o poder da paciência, compaixão e sensibilidade. Tem dias que é uma delícia, com gosto de chocolate, mas tem dias que fico com azia e a digestão é lenta.

Acho incrível a pluralidade cultural que me rodeia. Sobretudo é sempre tempo de aprender. Mas como disse: aqui o tempo é outro, vivo um mês em apenas uma semana. Muita coisa acontece em espaços curtos de tempo. Me sinto em uma montanha russa de emoções e situações, na espera do próximo frio na barriga. Fazer-se presente sem sufocar é uma elegância sutil para poucos. Confesso que acho fascinante brincar com essa análise comportamental das pessoas que convivo. Tentando perceber o outro, muitas vezes me vejo no espelho. E a cada pessoa que conheço, me convenço de que realmente somos todos iguais em tempos diferentes.

domingo, 28 de novembro de 2010

:: Listagem ::


Muitas vezes, os turistas conhecem mais o Brasil que os próprios brasileiros. Aqui não é diferente, hoje conheço mais cidades que a maioria dos portugueses que já encontrei.
E Toda vez que alguém me pergunta onde já estive, nunca consigo lembrar tudo de uma vez só. E pra não esquecer, resolvi deixar registrado aqui, uma relação de todos os lugares que já conheci.

Lisboa, Porto, Coimbra, Fátima, Évora, Aveiro, Vila nova de Gaia, Braga, Bragança, Guimarães, Conimbriga, Óbidos, Cascais, Sintra, Mafra, Beja, Faro, Lagos, Lagoa, Viseu, Burssaco, Figueira da Foz, Santa Maria da Feira, Viana do Castelo, Tomar, Almurol, Alcobaça, Batalha, Peniche, Berlengas, Setúbal, Serra da Estrela, Guarda, Tábua, Gois, Alcacer do sal, Almada, Caldas da Rainha, Cantanhede, Espinho, Leiria, Peso da Régua, Covelinhas, Alvito, Alcoentre, Palmela, Alpiarça, Estoril, Antanhol, Meda dos Mouros, Golegã, Mira de Aire, Eiras, Piodão, Folgosinho,Ceia, Manteigas, Penalva do Castelo, Lusinde, Sezures, Esmolfe, Satão...

Falta conhcer a Ilha da Madeira.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

:: Visualizações ::



Muitas pessoas estão me cobrando a continuação do blog. Isso me deixa feliz, apesar de ter sido ótimo o meu sumiço, só assim descobri quem realmente acompanha minhas peripécias.
Estava desestimulada pensando ser em vão essas histórias.

Com tantas novidades desde o último post, tentava escolher sobre qual assunto falar primeiro. Enquanto isso, resolvi futricar nas configurações internas do site.
Pra quem não tem blog, existe uma sessão de Estatísticas. Eu que nunca tinha nem clicado lá, resolvi descobrir o que era. E nada mais é do que a quantidade de visualizações que o blog tem.

Confesso que fiquei MUITO surpresa quando vi que pessoas de outros países visitam minha página também.

Brasil - 218 visualizações
Estados Unidos - 157 visualizações
Portugal - 124 visualizações
Suécia - 2 visualizações
Ermirados Árabes Unidos - 1 visualização
Colômbia - 1 visualização

Talvez isso esteja errado, ou nem signifique nada demais....
Mas prefiro acreditar que é um incentivo extra pra eu voltar!!!!!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

:: A vida muda ::



"Alguém disse que quem espera sempre alcança.

Nunca esperei, apenas deixei.

E nunca esperei que fosse tanto.

Um tanto de mim... maior que eu.

A vida muda por pouco.

Um pouco com pouco tempo,

com pouco som,

com pouco gestos,

com pouco e soltos sorrios.

Por pouco assim, a vida muda um tanto assim.

Um tanto Brasil, um pouco Portugal

e um outro de mim."

segunda-feira, 31 de maio de 2010

:: Sonho ::

Hoje acordei e achei que estava em um chalé na praia.
Talvez seja pelo calor, ou pela vista verde com o rio ao fundo que tenho da varanda.

Tem dias que acordo e acho que ainda estou no meu quarto em Brasília.
Talvez seja pq já me sinto em casa, ou então pela secura.

Em muitos dias acordo e me sinto de férias.
Isso com certeza tem a ver com o ritmo bem calmo com que tudo acontece por aqui.

Tem dias que acordo e as mudanças todas me assustam.
Talvez seja pq parece que foi ontem que desci do avião.

Tem dias que acordo com um aconchego no coração.
Talvez seja pq mesmo distante, ainda me sinto bem próxima de muita gente.

Tem dias que acordo e ainda estranho o sotaque local.
Talvez seja pq simplesmente acho que mudei de estado, e não de país.

Tem dias que acordo com a sensação de estar "no lugar certo, na hora certa",
Talvez seja pq realmente o acaso não existe.

Tem dias que acordo ao som dos passarinhos.
Talvez seja pra que eu não me esqueça dos que me acordavam antes.

Tem dias que acordo e não sei se acordei mesmo ou se continuo dormindo.
Talvez seja pq meus olhos não acreditam no que estão vendo, ou talvez o sonho virou realidade.

Quase todos os dias acordo e tenho vontade de sair cantando e dançando pela rua.
Talvez seja pq eu sou meio doida (e isso é um fato),
Mas talvez seja pq realmente a felicidade invadiu e transbordou!!!!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

:: Abençoada ::




Ainda na época que estávamos todos mais ociosos esperando as aulas começarem, surgiu um convite: "- Vamos esse final de semana pra Fáima?". Apesar de ser bem religiosa e saber da fama dessa cidade, nunca foi minha prioridade conhecê-la. Porém como estava sem fazer nada e ia ser um "bate-volta" de apenas um dia. Aceitei. Por uma questão de facilidades, resolvemos ir no sábado e não no domingo. Sexta a noite então, entrei na internet pra saber um pouco mais sobre o lugar. Adoro fazer pesquisas. A primeira coisa que descobri foi que Fátima é um nome árabe, ao contrário do que havia dito na texto da turca. Li tudo sobre a história da cidade, os lugares sacros, os relatos das aparições da Santa e do anjo, a vida dos pastorinhos... Fui me contagiando com o clima, e só fui dormir pq já estava tarde.

A cidade era bem aquilo que havia pesquisado. Tudo muito fiel. Porém o que não havia lido em lugar nenhum foi sobre a atmosfera do lugar. Era mesmo mágico e especial. Estávamos em três: um espirita, uma católica e uma evangélica, e todas sentiam a mesma coisa sobre estar realmente em um lugar diferente. No começo me espantei com o número de fieis, o santuário todo estava cheio e nem estávamos ainda nos meses de procissões. Logo decidimos assistir uma missa, pra nos envolvermos ainda mais com o contexto. No meio da missa a ficha caiu: era o dia 13 do mês, dia exato de todas as aparições de Maria no lugar. Eu até então não tinha me dado conta, nem as meninas, nada foi programado nesse sentido, ou seja, era mais uma daquelas velhas "sincronicidades" da vida. O passeio todo foi muito encantador, visitamos todo o santuário: a paróquia, a basílica, a igreja, a capelinha, a árvore, o muro de Berlim [sim, lá tem um pedaço do muro original], a colunatas e o Museo/casa de Lúcia e o poço do anjo. Foi lindo.

Quando falei pra minha mãe sobre as minhas intenções de ir ao Santuário, ela ficou muito entusiasmada e me relatou sua afinidade com a N.S.de Fátima. Confesso que chegando lá não me contive e fiz orações pedindo proteção e orientações nessa minha nova jornada. Logo vieram as respostas. Quando chegamos ao muro de Berlim, paramos pra tirar fotos, entre as muitas pessoas que nos interrogavam sobre o que se tratava aquele "pedaço de concreto" [tá vendo pq adoro fazer pesquisas] uma delas me chamou muita atenção. Ele era Lindo, e veio em minha direção. Eu que já estava sem ar, fiquei mais ainda quando ele falou comigo em inglês [não falo nada, nada, nada da lingua]. Não sei como, perguntei se ele falava português [em inglês] Ele respondeu que não, logo a Carol veio ao meu lado conversar com a beldade. Foi quando vi sua batina por baixo do sobretudo [estava um dia muito muito muito frio]. Ele era padre, logo vi que ninguém era mesmo tão perfeito. Ele simpático desde o início, estava apenas se oferecendo pra tirar uma foto das três. E tirou.

Já na volta, dentro do ônibus, estávamos exaustas de caminhar o dia inteiro, sentamos no último banco, aquele inteiro. A Luana de um lado, Carol de outro, e eu largada no meio, quase caindo da poltrona. Paramos em Leiria e subiram alguns passgeiros. Do meio pra trás não havia ninguém sentado, apenas nós no último banco. Dois rapazes sentaram bem perto. Eram jovens, atléticos e um deles bem bonito. Esse no entanto, desde que entrou não parou de me olhar, eu muito matuta, já estava bem constrangida. Puxei assunto com a Carol pra não ter que ficar olhando pra frente [corredor]. Assim que ele parou de olhar pra mim, me ajeitei na cedeira, como uma mocinha comportada. O ônibus deu partida, e ainda assim ele olhava toda hora pra trás, na tentativa de arrumar alguma desculpa pra conversar. Logo ofereceram o lanche que começariam a comer. Foi quando a Luana se levantou pra ir ao banheiro. Não conseguindo abrir a porta ela gritou pela Carol, eu que estava no meio me levantei e fui ajudá-la. Quando passei por eles,  escutei: "- Então vc se chama Carol?". Neguei, falei meu nome e fui até a Luana. Na volta ele se levantou e ficou no corredor, sentado no braço da poltrona da frente, muito atirado começou uma conversa. Me lembrei de todo meu adestramento na cidade grande e fui educada. Afinal conversar é comigo mesmo. Conversa vai, conversa vem, perguntei o que eles estavam fazendo. Senti que a pergunta não agradou muito, mesmo assim insisti. Mais uma vez ele tentou fugir, mas eu muito persuadiva consegui a resposta. Porém ficamos todas meio em choque, ou mesmo sem querer acreditar. Ele tirou do bolso um documento oficial comprovando o que falava. Lemos tudo e se fez um minuto de silêncio. Para situação não ficar ainda pior, tentei continuar a conversa como se tudo aquilo fosse a coisa mais normal do mundo e acontecesse com qualquer um. [coisa que tb faço muito bem]. Eles eram presidiários, estavam detidos a 6 anos e aquela era a sua primeira visita condicional, tendo que se apresentar novamente há polícia na segunda a noite. Lembrei da minha irmã que trabalha em um bairro muito perigodo em minha cidade, ela sempre atende alguns "suspeitos" e diz: de bandido ou vc vira amiga, ou já é inimiga. Na dúvida resolvi ser "amiga" e me vi perguntando como é a vida no presídio, o sistema carcerário, as acomodações, as refeições, como foram detidos, quando vão ser soltos, até sobre as visitas intimas soubemos. Mas confesso que não via a hora de chegar em Coimbra. Acho que fui muito convincente, pq até meu telefone ele pediu, e pensem em um jogo de cintura que fiz pra conseguir mentir.
Chegando em Coimbra não tinhamos muito tempo, havia uma festa dos calouros que nos comprometemos a ir, e já estava na hora. Na festa conhecemos muito brasileiros recém chegados. Já no final da noite, o que eu particularmente havia achado mais animado, veio conversar comigo. Estavamos junto com o pessoal, eu que não me aguento já estava contando dos presidiários que conheci a poucas horas e ele das peripécias que passou até chegar aqui. Ele era divertido, [me fez lembrar muito, um amigo que hoje está na Austrália]mas conversamos muito pouco e já era hora de ir embora. Ele pegou meu telefone e no dia seguinte me chamou pra ir ao cinema. Eu que havia achado que ele estava acompanhado na boate, nem fiquei prestando muita atenção, quando ele se aproximou foi muito rápido, e tinha muita gente, e eu muito constrangida, não reparei nada. No shopping a "amiga", que na minha cabeça era a namorada, estava junto, só por isso aceitei o convite [ser criada na roça tem dessas coisas]. Mas realmente foi o que salvou. Pq assim que cheguei, em menos de meio segundo, mandei uma mensagem pra Luana. "Ele é gay!!!". A Luana que já estava fazendo planos pra nós dois, morreu de rir.

Em apenas um dia: um padre, um presidiário e um gay, acho mesmo que a Santa ouviu as minhas preces!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

:: Irmã mais nova ::



O que eu menos tenho nessa vida é CERTEZA. Mas também quando ela aparece, não há espaço pra dúvida alguma.
Que nada nessa vida é por acaso, até Einstein já dizia. [e tá ai, uma pessoa que sabia das coisas]. Mas confesso que quanto mais o tempo passa, mais percebo o proposito da sincronicidade.
Há 20 anos atrás conheci uma pessoa. Na época nem fazia idéia da importância que isso ia ter em minha vida. Primeiro, pq crianças não fazem idéia de nada mesmo, só imaginam. E segundo pq foi tudo de forma tão natural, que nem teria como ser de outro jeito.
A verdade é que essa relação estava fadada a dar errada. Na primeira tentativa de aproximação, ela virou a cara e nem se quer me respondeu. Na segunda, ela decendo do ônibus escolar, enfiou o pé entre o meu e minha sandália, e foi parar no hospital com um gesso na perna. Eu era um bicho do mato [passei minha infância em uma cidade bem do interior] e ela muito urbana e influente. Adoro carne bem passada, ela ama as cruas. Falo pelos cotovelos, ela super tímida. Tenho memórias "intra-uterinas", ela lembra nem letra de música. Sou sempre ligada em tudo, ela vive desligada. Adoro dançar, ela não se entende nem com o dois pra lá, dois pra cá. Não vivo longe do computador, ela nem tem Msn. Sou super apegada a tudo, ela super livre. Mas misteriosamente, tudo deu certo.
Hoje é o aniversário dela. E depois de tantos anos é a primera vez que não poderei estar presente na comemoração. Isso me deixou meio nostáugica. Passei o dia lembrando o que já vivemos. E não foi pouca coisa. Como tudo começou quando ainda tinhamos 9 anos, inevitavelmente, passamos por muitas coisas juntas. Sempre juntas. Acho que desde que a conheci, me perguntam se ela é a minha melhor amiga. Sempre foi nitido a nossa ligação. No começo dizia que sim. Hoje digo que não. Respondo que é muito mais do apenas isso, ela já se tornou minha IRMÃ.
E isso significa muito pra mim. Em todos esses anos, estávamos sempre presentes uma na vida da outra. Ela de forma mais silenciosa, eu sempre fazendo um escandalo. Mas sempre presentes. Seja no natal, no ano novo, no carnaval, no aniversário, no vestibular, na formatura, no casamento, no termino, no recomeço, no hospital, no velório, na casa da mãe, na do pai, na do namorado, na fazenda, na casa de férias, no aeroporto, no cinema, no restaurante, na rua, no ônibus escolar, na sala de aula, no mercado, na kombe, na mudança, na gargalhada, nas lágrimas, nas férias, nos churrascos, nos convites de última hora, nos eventos "chiquetosos", na família, na personalidade...     no coração.
Por ela ponho minha mão no fogo, sem medo de me queimar. Nunca conheci uma pessoa tão correta e integra. Como também nunca conheci alguém tão sotuda. [brinco falando que ela não só naceu virada pra lua, mas tb pra todos os outros planetas enfileirados]. Parte do que eu sou hoje, veio dela. Parte da história dela hoje, vem de mim. É bom saber que ela vai sempre estar presente, mesmo que ausente. Bom saber que nos reencontramos nessa vida.  Bom saber que foi uma "coincidência significativa".

Hoje é o aniversário dela. E depois de tantos anos é a PRIMEIRA vez que não poderei estar presente na comemoração.

segunda-feira, 8 de março de 2010

:: Mala e Cuia ::




É verdade que TODAS as pessoas me falaram pra eu não trazer nada. Eu muito teimosa, se quer conseguia imaginar, passar dois anos em algum lugar  de mãos vazias. Como previsto [e planejado] paguei excesso de bagagem em quase 20kgs. E, ainda assim, não trouxe tudo o que queria.
Era tanta mala, tanto peso, tanta coisa, tanto o que carregar que quase cheguei a me arrepender [mas ficou no quase]. Confesso que tive que contar com o aopio amigo do Alex. Sem ele com certeza não chegaria ao meu destino final. Afinal, foram duas malas extra grandes, uma com 42kg e outra com 47kg, uma pequena de 7kg, uma mochila que não pesei, mas chegou perto dos 5kg, fora o travesseiro, encomendas e as sacolas com os presentes que ganhei no aeroporto. Conclusão: não conseguia sair do lugar com tudo isso. Resultado: traumas profundos. rs.
Ando tão traumatizada em carregar peso que já me vi saindo sem bolsa pelas ruas só pra não ter que lembrar. Antes, sair sem bolsa era sinônimo de sair sem roupa. Aqui descobri como é boa essa sensação de leveza. Mas também lembro todos os dias como é confortável a segurança em ter tudo por perto.

Desde o começo foi muito difícil descidir o que trazer e o que deixar. Muito mesmo. Nunca soube fazer uma mala pequena na vida. Nem fazer uma mudaça apenas com malas. Levei quase uma semana nessa maratona. Na vespera da viagem, só consegui tranquilidade pra dormir, quando vi todas as malas fechadas. O que não adiantou muita coisa, na manhã seguinte abri TODAS novamente pra tentar rearrumar tudo e trazer ainda mais coisas. E quando pensei que finalmente havia fechado as malas, minha irmã aparece pro almoço [horas antes do embarque] e vê em cima da minha cama as roupas que não couberam. Mas teimosa que eu, re-abriu TODAS as malas de novo e milagosamente enfiou [sim ela literalmnte socou pra dentro] tudo o que tava de fora. Antes as malas já pareciam que iam explodir, agora era só uma questão de tempo. Era inacreditável que havia conseguido colocar pratimente o meu quarto inteiro em três malas. Mais inacreditável ainda era levar meu "quarto" pra europa. Minha mãe solidária a mim, desde o início da maratona, se ofereceu a pagar pelo excesso. Meu pai praticamente me deserdou quando teve que levantar todo aquele peso para a carroceria da camionete. Sim as minhas malas não cabiam num carro normal.
Na despedida foi bem tranquilo, vários amigos pra ajudar [pq meu pai mesmo, pediu aposentadoria, rs]. Na chegada o desepero começou, mal consseguia tirar a mala da esteira, depois quem disse que eu consseguia colocar uma em cima da outra no carrinho? Era muito grande, muito pesada e eu muito cansada, ou seja, missão impossível. Fui empurrando como deu, o carrinho com quase tudo, e uma mega mala na outra mão. Quando finalmente avistei o Alex, antes de qualquer abraço, ou uma possível manifestação de alegria, ele olhou pra tuuuuuuuudo aquilo e falou: -Qual parte do "trás pouca coisa", que vc não entendeu?
Nesse momento outra luta começou. Fazer tudo aquilo entrar dentro do táxi com espaço pra mim, Alex e o motorista. Não houve nenhum taxisista que o fizesse sem reclamar o percurso inteiro [e aposto que alguns ainda me xingaram depois, rs.]. Vários deles tb cobraram taxas extras. Já na casa do Alex, não sabia se era maior o frio ou o medo de abrir uma das malas e nunca mais conseguir fechar. Era sempre um desafio esse momento. Eu tentava abrir só um pedacinho do ziper e pegar o primeiro pano que encontrasse na frente, sem poder escolher, pra não voar tudo pro alto, como naquelas caixinhas surpresas. Basicamente trocava só a primeira blusa e ia altenando a ordem dos casacos [acreditem, eram muitos] para aparecer diferente na rua. Foi assim todos os dias em Lisboa e no hotel em Coimbra. No alojamento, entrei em extase profundo quando finalmente pude tirar tudo das malas, colocar no armário e poder escolher a roupa que vestir. Uma sensação de alivio e liberdade inexplicáveis.
Quando finalmente achei que todos os meus problemas haviam se resolvido, descobri que teria que trocar de residência. Tentava imaginar como faria dessa vez. Primeiro porque comprei muitas roupas para não congelar e segundo pq a mala pequena eu havia entregue á dona. Sem a ajuda da minha irmã, não consegui colocar nem a metade das coisas que vieram nas malas. Sem contar que tudo veio embalado a vácuo e agora não tinha o equipamento para fazer essa mágica de novo. Solução: fazer váaaaaaaaaaarias viagens até conseguir transportar tudo.
Tenho certeza que meu plano iria dar certo se não fosse a Sra. Ana Paula, a responsável pelo novo alojamento e a única que sabia em que andar eu iria ficar. Quando finalmente cheguei com a primeira mala, ela saiu. Esperei três horas e vi a noite chegar. Ela voltou, entrei no meu novo quarto, desfiz a mala e voltei com a bagagem vazia para uma nova viagem. A essa hora já não havia muitos ônibus e ainda faltava muita coisa. Tentei pedir ajuda pros conhecidos. A idéia agora era fazer uma única viagem, cada um com uma mala: eu, a Carol e o Iuri [falo deles em outro post]. A Carol estava animada. Porém quando o Iuri chegou e viu tudo o que teriamos que carregar, pensou no tanto que teriamos que andar, na cidade toda que teriamos que atravessar, nos ônibus que teriamos que pegar, nem cogitou outra possibilidade: ligou pro Gustavo e desrmarcou [sabendo bem como são as mulheres já havia pedido reforços]. Sem muitas explicações e ainda meio chocado, ligou na central e pediu um táxi. Simples assim e muito racional. Confesso que todos se assustavam ao ver minhas bagagens. Carol que ainda assim, continuava animava, foi comigo na última viagem. E tudo finalmente se resolveu.

Hoje invejo as pessoas que viajam sem malas e compram tudo por lá. Mas minha sindrome de "menina de orfanato" apenas me permite adimirar tamanha libertação.


terça-feira, 2 de março de 2010

:: Vinho do Porto ::



Em Porto fui à Cave Sandeman [foto]. Já conhecia a fama dos Vinhos do Douro. Mas o conhecimento não passava dessa fama, rs. Sem saber o que esperar fui entusiasmada à visita guiada. A marca propõem um certo mistério, seguido a risca em todo percurso.
Como uma boa ansiosa que sou, era a primeira da fila e fiquei bem na frente em todas as explicações. A guia usava um sombreiro [espanhol] e uma capa [portuguesa] igual a logo da marca.
Fizemos muitas paradas para várias explicações. Começamos pelo fundador, um Lorde Inglês, com espirito empreendedor. Aprendemos um pouco sobre a evolução, ao longo dos anos, do próprio vinho e porque os oriundos da região do Douro eram diferenciado. Entendemos depois sobre as diferenças entre os tipos de envelhecimento, tipos de armazenamento, colheita, fermentação, misturas, uvas. Descobrimos curiosidades e acontecimentos especificos daquela cave. Por fim assistimos a um filme que nos deixou ainda com mais água na boca, pela ênfase dada aos sabores e aroma que iriamos apreciar na degustação que viria a seguir.

Sabe criança em fábrica de chocolate? Era exatamente assim que estava me sentindo. Querendo levar todos os bombons pra casa e me lambusar naquela mar de desobertas. Já fazia planos para comprar todas as garrafas da loja, me sentia apaixonada por vinhos, pela marca, pela logo, pela história, por tudo.
Diante das taças, meus olhos brilhavam. Dei o primeiro gole com a boca cheia de vontade, toda animada. Animação que durou menos de meio segundo. Como quem acorda de um sonho,  me lembrei que era real o meu desgosto pelas bebidas alcóolicas. Nesse momento me sentia sem glamour algum, sem dignidade, sem sobrenome. Era tão chique presenciar a mesa dos franceses, tamanha naturalidade e domínio com a apreciação das bebidas.  Sai do facínio para a martírio. Cofesso que foi quase desesperador ter  que beber o conteúdo [que nem era muito] das taças e os seus 22% de águardente vinílica. Mas por honra à aquela elegante sensação europeia, refinamento quase ináto, que todo aquele ambiente proporcionava, de me sentir super "bem nasida",  bebi tudo. Como um boa menina.

Sobre a vontade de comprar todas as garrafas, achei mais sensato, depois de ficar: quente, tonta, vermelha e suando, procurar um bom chocolate quente pra gastar o meu dinheiro.

:: Presente de Aniversário ::



Confesso que comemorar o aniversário longe não é a melhor coisa do mundo. Como esperado, muitas pessoas que não podiam ter esquecido, esqueceram. Como inesperado, quem eu nunca imaginei, lembrou. O melhor de tudo são as surpresas. E as confirmações. Como em toda mudança, sempre existe espaço para olharmos tudo por um outro foco. As vezes precisamos sair da zona de conforto e ajustar as lentes. No fim tudo foi como havia de ser. E foi bom ainda que diferente.  
Longe entendi melhor o valor dos presentes. Do lado de cá ganhei apenas dois, vindos da mesma pessoa. Do lado de lá ganhei várias presenças em demonstrações sinceras de carinho e afeto. Pensando melhor eu que achava ter saído desse aniversário de mãos vazias, fiquei foi com o coração cheio. E acho que assim ganhei muito mais.
Todos os anos tento me presentear nessa data de alguma forma. Nesse, vou tentar estender essa vontade por muitos meses. Achei esse blog e gostei da proposta, simples e interessante. Já que tenho como lema a mudança, porque não?
Alguns desses desejos, já foram presentes em anos anteriores. Outros, não são ainda desejados, talvez em algum aniversário futuro. Quem sabe....

"Porque uma vez eu entrei no metrô e pensei... "

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

:: 2 meses ::




"Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância nem do isolamento, um vazio que invade as pessoas e que a simples companhia ou presença humana não podem preencher; solidão foi a única coisa que eu não senti depois de partir. Nunca. Em momento algum. Estava sim, atacado de voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade ás vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só."


"... Dias inteiros de calmaria, noites de ardentia, dedos no leme e olhos no horizonte, descobri a alegria de transformar distâncias em tempo. Um tempo em que aprendi a entender as coisas do mar, a conversar com as grandes ondas e não discutir com o mau tempo. A transformar o medo em respeito, o respeito em confiança. Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada querer."   


“Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”


Amyr Klink



Hoje fazem, exatamente, dois meses que essa aventura começou...
Distância, família, viagem, saudade, sentimento, tranformação, alegria, querer, solidão, amigos, paciência, entendimento, vazio, realização, presença, pessoas, histórias, mundo, pensar, sentido, tempo, interior, momento...
São palavras muito presentes.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

:: A Amiga ::


Antes de continuar essa história só queria falar uma coisa, a turca tem nome, e se chama Fátima!
Um nome bem português por sinal. Talvez esse seja apenas mais um de seus mistérios.
Bem, o que sei, é que depois do chororô todo, ela dormiu duas noites fora. No terceiro dia, já de noite, ela apareceu junto com a primeira amiga [a que dominava minha parte quando cheguei]. Entraram no quarto e, como sempre, estavam muito a vontade. Porem, a turca tinha a expressão triste, de quem acabou de chorar. Minha curiosidade analisava todos os movimentos. Eu tentava disfarçar. A amiga tentava contornar algum mal estar. E a turca dobrava alguns papeis em branco como se fossem de cartas. Em pouco tempo foi tomar banho [o que não acontecia com muita frequência]. Na volta, senti que ela se esforçava para sorrir, não demorou muito, começou a arrumar algumas roupas na mala. Me coçava inteira, tamanha a curiosidade que me consumia. Mil possibilidades me passavam em mente. Mas sei das minhas condições/dom para dramatizar tudo, então tentava me aquietar focando em uma realidade sem muita graça e bem previsível pros fatos.

Naquele final de semana continuei sozinha. Passados mais três dias ela voltou. [minha convivência com a turca teve "ciclos", no qual, o número três sempre esteve presente]. Voltou de manhã, passou o dia com a amiga na cozinha, faziam comida, conversavam, davam risadas, navegavam nos laptops. Sem dúvida os ânimos estavam melhores. Lá pelas tantas a turca abre a porta do quarto e sem falar nada me entregou um prato com sanduiche, tentei recusar, mas ela insistia. Aceitei pra não fazer desfeita. Talvez fossem os primeiros passos de uma comunicação. A princípio achei generoso da parte dela. Depois imaginei que fosse uma forma de retribuição, [à tarde ofereci trident e a minha cadeira pra sua amiga sentar]. Mas por fim acho mesmo que era ela tentando me agradar. Foi anoitecendo, elas pegaram o edredom e se acomodaram no sofá de uma das salas de convivência. Duas horas da madrugada, a turca voltou pro quarto, deitou na cama, deu boa noite e dormiu. As quatro, a amiga entrou no quarto, deitou junto com a turca deu boa noite e TAMBÈM dormiu.

Realmente aquela cena me deixou sem reação. Não conseguia nem supor o que poderia significar tudo aquilo. Só me lembrava do Sérgio e roubava os pensamentos dele pra mim. [Ele sempre acha que o mundo é gay ou lésbico, ou seja, vou fica pra titia]. Me parecia muito óbvio pra ser verdade, mas se fosse, parecia muito ousado. No dia seguinte convivemos as três em um quarto com menos de 10m². À noite, o que parecia irreal, se repetiu. Mas dessa vez, mais cedo, sem muita tática, sem tentativas de agrados, sem constrangimentos, com risadas, conversas e um boa noite conjunto. Tentava evitar dar razão ao Sergio, afinal, ainda preciso ter esperanças de casar e ter filhos. Não acho justo TODOS os homens lindos e agradáveis desse mundo, se amarem. Há de sobrar um pra mim! [Se possível, podia sobrar outro pra San, pra Carol, pra Nara, pra Anita... mas só se possível, rs.] Enfim, após minha crise com os pensamentos Sergianos, me dei conta que no dia seguinte estava de partida pra Lisboa. Com o território livre, só imaginava o que poderia acontecer. Sem ter outra opção, resolvi dormir também.

Acordei cedo, havia marcado de almoçar lá com o Alex. Assim que voltei do banho, a turca estava de pé. Porem a amiga ainda dormia. Dividir quarto é trabalhoso. Existe sempre a preocupação de respeitar o sono alheio. Não fazer barulho é quase um dom. Tentei resolver primeiro o que podia fora do quarto. Chegou um monento que não havia mais o que fazer, e eu me vi junto à turca, as "donas" do quarto, com a cortina ainda fechada, a luz ainda apagada e em total silêncio pra não acordar.... a "visita". Comecei a refletir o quanto eu realmente queria continuar sendo "simpática" ou o quanto seria mais divertido chegar logo em Lisboa. Antes que eu pudesse escolher a amiga acordou. Fiz minha mala em segundos [como nunca na vida consegui] e deixei minha cama à sorte do destino.
Logo que sai do elevador, no térreo, antes que eu pudesse desejar um bom dia, o Sr. Carlos me interrompe perguntando se a Fátima já havia ido embora. Tudo ficou confuso e apenas respondi que não. Mas já começou a arrumar as malas? Insistiu. Neguei novamente. Logo revelou que aquele seria o último dia dela.
Confesso que não sabia se ficava triste ou feliz.
Foi um começo sem encontros, encontros sem começo, vários desencontros, e um final sem despedidas.
Talvez devesse mesmo ser assim.

E eu que estava até gostando dos mistérios turcos, voltei e encontrei tudo vazio. Os mistérios? Sérgio explica.

domingo, 31 de janeiro de 2010

:: Frio ::





Tava todo mundo preocupado com o frio que eu ia passar. Eu mesma não. Deixei pra me preocupar aqui. Quando cheguei foi o dia mais frio do ano na capital. Fui salva pelo carinho em forma de sobretudo que ganhei da tia Elizete, nas vésperas da minha vinda. Passei frio é verdade. Tudo por que não queria desfazer as malas, não até acabar de chegar. No dia seguinte segui para Coimbra. Como esperado realmente estava mais frio. Dias depois a confirmação: foi o final de semana mais frio aqui tb. O bom é que vamos nos acostumando à temperatura. O reveion passei em Porto, de novo o sobretudo me salvou e de novo peguei os dias mais frios de lá tb. Acho que a preocupação das pessoas, pressentiam os recordes de dias frios que eu pegaria por aqui. E acho que a minha falta de preocupação, pressentia que eu traria comigo o calor interno que só os brasileiros tem. Como planejado, comprei muitos casacos pra não congelar com o frio europeu. Afinal o carinho da tia Elizete foi muito especial para ser usados todos os dias.
É verdade que no inverno as pessoas ficam mais elegantes. Só esqueceram de me ensinar como se faz isso. Não é a toa que todo mundo anda de preto, marrom e bege, tudo pra facilitar as combinações. Porque é preciso no mínimo três blusas pra se manter aquecido, fora a meia por baixo da calça, o cachecol, as luvas, o gorro, e ainda tem a bolsa, o sapato, os brincos. Eu que sou uma menina arco-íris, tento todos os dias combinar o verde, o rosa, o azul e o laranjado sem sair montada, pronta para o carnaval.
Confesso que mesmo correndo o risco de ficar brega e total “des-glamour”, acho muito mais divertido.

Assistindo as cenas do reveion na novela Viver a vida, uma portuguesa me perguntou porque todos estavam de branco. Contei da nossa tradição em relação às cores das roupas na passagem do ano. Como se eu já não houvesse percebido, ela ressaltou que em Portugal não era assim. Eu sei, no frio os europeus ficam bem monótonos. Estou só esperando o verão chegar pra saber se a culpa é mesmo do frio ou dos europeus.

Enquanto isso, desfilo por ai minha alegria em forma de cores, e essa também,só os brasileiros tem.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

:: Idosos ::



Assim que cheguei em Lisboa, o que mais me causou impacto foi a quantidade de velhinhos nas ruas, nos metros, nos bondes, nos cafés, nos mercados, em todos os lugares. Achei que fosse o bairro. Depois percebi que em todos os sítios era a mesma coisa. Quando cheguei em Coimbra achei que a proporção tinha aumentado. A faixa etária tb. Depois de conhecer Porto, Vila de Gaia, Figueira da Foz, Cascais e Sintra cheguei a conclusão que era unânime aquela realidade.
Aqui os idosos vão às ruas, são ativos, vão as compras, passeiam sozinhos e vivem como gente nova. E quando digo velhinhos, são senhoras e senhores de 70 a 80 anos. Alguns até muito debilitados ou com algum tipo de limitação. Mas nem por isso se enclausuram em casa.
Nos ônibus, por exemplo, os lugares preferenciais não abrangem a terceira idade. Afinal de contas, eles são mais da metade dos passageiros, hehehehe. E no Brasil, pessoas com 65 anos se aposentam e acham que tudo é desculpa pra não fazerem mais nada, assim realmente a vida acaba mais cedo.
Essa semana, vi um senhor de uns 85 anos, bem enrrugadinho, sentado na cadeira da frente e lembrei do Alex. [Conversando sobre esse assunto certa vez, ele comentou que com frequência vê "pessoas caindo aos pedaços, já em fim de carreira" que ainda insistem em uma vida social ativa.] Chegando ao próximo ponto, observei o velhinho se levantar com uma certa dificuldade, mas todo habilidoso. Logo reparei que lhe faltava uma perna, o que ele compensava com uma muleta já meio calejada. Orgulhosa dele naquela situação, com todos aqueles obstáculos e indo adiante, o vejo pegando umas setes sacolas de supermercado cheias que havia deixado do outro lado do banco. E como se nada estivesse afetando sua vida, na maior paz do mundo, desceu do ônibus: ele, todos os seus 85 anos, a muletinha, a ausência da perna e as sete sacolas de compras. E foi tranquilamente andando pra casa...

Já eu... naquele dia, subi os 125 degraus da Universidade (foto) sem reclamar.