segunda-feira, 8 de março de 2010

:: Mala e Cuia ::




É verdade que TODAS as pessoas me falaram pra eu não trazer nada. Eu muito teimosa, se quer conseguia imaginar, passar dois anos em algum lugar  de mãos vazias. Como previsto [e planejado] paguei excesso de bagagem em quase 20kgs. E, ainda assim, não trouxe tudo o que queria.
Era tanta mala, tanto peso, tanta coisa, tanto o que carregar que quase cheguei a me arrepender [mas ficou no quase]. Confesso que tive que contar com o aopio amigo do Alex. Sem ele com certeza não chegaria ao meu destino final. Afinal, foram duas malas extra grandes, uma com 42kg e outra com 47kg, uma pequena de 7kg, uma mochila que não pesei, mas chegou perto dos 5kg, fora o travesseiro, encomendas e as sacolas com os presentes que ganhei no aeroporto. Conclusão: não conseguia sair do lugar com tudo isso. Resultado: traumas profundos. rs.
Ando tão traumatizada em carregar peso que já me vi saindo sem bolsa pelas ruas só pra não ter que lembrar. Antes, sair sem bolsa era sinônimo de sair sem roupa. Aqui descobri como é boa essa sensação de leveza. Mas também lembro todos os dias como é confortável a segurança em ter tudo por perto.

Desde o começo foi muito difícil descidir o que trazer e o que deixar. Muito mesmo. Nunca soube fazer uma mala pequena na vida. Nem fazer uma mudaça apenas com malas. Levei quase uma semana nessa maratona. Na vespera da viagem, só consegui tranquilidade pra dormir, quando vi todas as malas fechadas. O que não adiantou muita coisa, na manhã seguinte abri TODAS novamente pra tentar rearrumar tudo e trazer ainda mais coisas. E quando pensei que finalmente havia fechado as malas, minha irmã aparece pro almoço [horas antes do embarque] e vê em cima da minha cama as roupas que não couberam. Mas teimosa que eu, re-abriu TODAS as malas de novo e milagosamente enfiou [sim ela literalmnte socou pra dentro] tudo o que tava de fora. Antes as malas já pareciam que iam explodir, agora era só uma questão de tempo. Era inacreditável que havia conseguido colocar pratimente o meu quarto inteiro em três malas. Mais inacreditável ainda era levar meu "quarto" pra europa. Minha mãe solidária a mim, desde o início da maratona, se ofereceu a pagar pelo excesso. Meu pai praticamente me deserdou quando teve que levantar todo aquele peso para a carroceria da camionete. Sim as minhas malas não cabiam num carro normal.
Na despedida foi bem tranquilo, vários amigos pra ajudar [pq meu pai mesmo, pediu aposentadoria, rs]. Na chegada o desepero começou, mal consseguia tirar a mala da esteira, depois quem disse que eu consseguia colocar uma em cima da outra no carrinho? Era muito grande, muito pesada e eu muito cansada, ou seja, missão impossível. Fui empurrando como deu, o carrinho com quase tudo, e uma mega mala na outra mão. Quando finalmente avistei o Alex, antes de qualquer abraço, ou uma possível manifestação de alegria, ele olhou pra tuuuuuuuudo aquilo e falou: -Qual parte do "trás pouca coisa", que vc não entendeu?
Nesse momento outra luta começou. Fazer tudo aquilo entrar dentro do táxi com espaço pra mim, Alex e o motorista. Não houve nenhum taxisista que o fizesse sem reclamar o percurso inteiro [e aposto que alguns ainda me xingaram depois, rs.]. Vários deles tb cobraram taxas extras. Já na casa do Alex, não sabia se era maior o frio ou o medo de abrir uma das malas e nunca mais conseguir fechar. Era sempre um desafio esse momento. Eu tentava abrir só um pedacinho do ziper e pegar o primeiro pano que encontrasse na frente, sem poder escolher, pra não voar tudo pro alto, como naquelas caixinhas surpresas. Basicamente trocava só a primeira blusa e ia altenando a ordem dos casacos [acreditem, eram muitos] para aparecer diferente na rua. Foi assim todos os dias em Lisboa e no hotel em Coimbra. No alojamento, entrei em extase profundo quando finalmente pude tirar tudo das malas, colocar no armário e poder escolher a roupa que vestir. Uma sensação de alivio e liberdade inexplicáveis.
Quando finalmente achei que todos os meus problemas haviam se resolvido, descobri que teria que trocar de residência. Tentava imaginar como faria dessa vez. Primeiro porque comprei muitas roupas para não congelar e segundo pq a mala pequena eu havia entregue á dona. Sem a ajuda da minha irmã, não consegui colocar nem a metade das coisas que vieram nas malas. Sem contar que tudo veio embalado a vácuo e agora não tinha o equipamento para fazer essa mágica de novo. Solução: fazer váaaaaaaaaaarias viagens até conseguir transportar tudo.
Tenho certeza que meu plano iria dar certo se não fosse a Sra. Ana Paula, a responsável pelo novo alojamento e a única que sabia em que andar eu iria ficar. Quando finalmente cheguei com a primeira mala, ela saiu. Esperei três horas e vi a noite chegar. Ela voltou, entrei no meu novo quarto, desfiz a mala e voltei com a bagagem vazia para uma nova viagem. A essa hora já não havia muitos ônibus e ainda faltava muita coisa. Tentei pedir ajuda pros conhecidos. A idéia agora era fazer uma única viagem, cada um com uma mala: eu, a Carol e o Iuri [falo deles em outro post]. A Carol estava animada. Porém quando o Iuri chegou e viu tudo o que teriamos que carregar, pensou no tanto que teriamos que andar, na cidade toda que teriamos que atravessar, nos ônibus que teriamos que pegar, nem cogitou outra possibilidade: ligou pro Gustavo e desrmarcou [sabendo bem como são as mulheres já havia pedido reforços]. Sem muitas explicações e ainda meio chocado, ligou na central e pediu um táxi. Simples assim e muito racional. Confesso que todos se assustavam ao ver minhas bagagens. Carol que ainda assim, continuava animava, foi comigo na última viagem. E tudo finalmente se resolveu.

Hoje invejo as pessoas que viajam sem malas e compram tudo por lá. Mas minha sindrome de "menina de orfanato" apenas me permite adimirar tamanha libertação.


terça-feira, 2 de março de 2010

:: Vinho do Porto ::



Em Porto fui à Cave Sandeman [foto]. Já conhecia a fama dos Vinhos do Douro. Mas o conhecimento não passava dessa fama, rs. Sem saber o que esperar fui entusiasmada à visita guiada. A marca propõem um certo mistério, seguido a risca em todo percurso.
Como uma boa ansiosa que sou, era a primeira da fila e fiquei bem na frente em todas as explicações. A guia usava um sombreiro [espanhol] e uma capa [portuguesa] igual a logo da marca.
Fizemos muitas paradas para várias explicações. Começamos pelo fundador, um Lorde Inglês, com espirito empreendedor. Aprendemos um pouco sobre a evolução, ao longo dos anos, do próprio vinho e porque os oriundos da região do Douro eram diferenciado. Entendemos depois sobre as diferenças entre os tipos de envelhecimento, tipos de armazenamento, colheita, fermentação, misturas, uvas. Descobrimos curiosidades e acontecimentos especificos daquela cave. Por fim assistimos a um filme que nos deixou ainda com mais água na boca, pela ênfase dada aos sabores e aroma que iriamos apreciar na degustação que viria a seguir.

Sabe criança em fábrica de chocolate? Era exatamente assim que estava me sentindo. Querendo levar todos os bombons pra casa e me lambusar naquela mar de desobertas. Já fazia planos para comprar todas as garrafas da loja, me sentia apaixonada por vinhos, pela marca, pela logo, pela história, por tudo.
Diante das taças, meus olhos brilhavam. Dei o primeiro gole com a boca cheia de vontade, toda animada. Animação que durou menos de meio segundo. Como quem acorda de um sonho,  me lembrei que era real o meu desgosto pelas bebidas alcóolicas. Nesse momento me sentia sem glamour algum, sem dignidade, sem sobrenome. Era tão chique presenciar a mesa dos franceses, tamanha naturalidade e domínio com a apreciação das bebidas.  Sai do facínio para a martírio. Cofesso que foi quase desesperador ter  que beber o conteúdo [que nem era muito] das taças e os seus 22% de águardente vinílica. Mas por honra à aquela elegante sensação europeia, refinamento quase ináto, que todo aquele ambiente proporcionava, de me sentir super "bem nasida",  bebi tudo. Como um boa menina.

Sobre a vontade de comprar todas as garrafas, achei mais sensato, depois de ficar: quente, tonta, vermelha e suando, procurar um bom chocolate quente pra gastar o meu dinheiro.

:: Presente de Aniversário ::



Confesso que comemorar o aniversário longe não é a melhor coisa do mundo. Como esperado, muitas pessoas que não podiam ter esquecido, esqueceram. Como inesperado, quem eu nunca imaginei, lembrou. O melhor de tudo são as surpresas. E as confirmações. Como em toda mudança, sempre existe espaço para olharmos tudo por um outro foco. As vezes precisamos sair da zona de conforto e ajustar as lentes. No fim tudo foi como havia de ser. E foi bom ainda que diferente.  
Longe entendi melhor o valor dos presentes. Do lado de cá ganhei apenas dois, vindos da mesma pessoa. Do lado de lá ganhei várias presenças em demonstrações sinceras de carinho e afeto. Pensando melhor eu que achava ter saído desse aniversário de mãos vazias, fiquei foi com o coração cheio. E acho que assim ganhei muito mais.
Todos os anos tento me presentear nessa data de alguma forma. Nesse, vou tentar estender essa vontade por muitos meses. Achei esse blog e gostei da proposta, simples e interessante. Já que tenho como lema a mudança, porque não?
Alguns desses desejos, já foram presentes em anos anteriores. Outros, não são ainda desejados, talvez em algum aniversário futuro. Quem sabe....

"Porque uma vez eu entrei no metrô e pensei... "