terça-feira, 26 de novembro de 2013

:: Para mim ::
















"Por Mim


Você seguiria meus passos

ia ao meu encontro...
caso tudo desse certo?

Você se curvaria ao que acho
ouvia o que eu conto...
pra eu me sentir esperto?

Eu não.
Por mim...

Você seria meus passos
ia ao meu lado...
mesmo com tudo errado.

Você falaria o que eu acho
me ouvia calado
pra eu me sentir eu.

Você não...

Foi pra mim."

[Murillo Sanches]


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

:: Desejo intimo ::


Quero colo, abraço forte, beijo roubado, corpo colado.
Quero charme, frio na barriga, rosto corado, jogo desarmado.
Quero pernas bambas, cabelo suado, pescoço marcado, coração acelerado.
Quero um amigo, um irmão, uma paixão, um noivo, um anjo.
Quero ter pra onde voltar, ouvidos interessados, preocupação zelosa.
Quero mãos dadas, almas predestinadas, passo firme, destino.
Quero bom humor, descanso, balanço, chamego manso.
Quero familiaridade, intimidade, ficar a vontade, ficar por vontade.
Quero ser escolhida, desejada, mimada, protegida, especial.
Quero conselho, apoio, chão, asas, sentido.
Quero atitude, entrega, surpresa, presença..
Quero cuidado, compromisso, transparência, tolerância.
Quero sabedoria, sintonia, alegria, companhia.
Quero delicadeza, leveza, pureza, gentileza, fortaleza.
Quero equilíbrio, encanto, companheirismo, bondade, honestidade.
Quero suavidade, sensibilidade, sinceridade, religiosidade,  intensidade.
Quero simplicidade, lealdade, flexibilidade, espontaneidade.
Quero atenção, emoção, dedicação, compreensão, consideração.
Quero respeito, compaixão, demonstração, admiração, gratidão.

Mas só preciso ser amada!

:: Superfície ::




Para muitos é dado a visão. As pessoas veem os fatos e constroem suposições, de acordo com o seu próprio padrão. Espera-se sempre ver nos outros, o reflexo de nossas próprias atitudes.
Para poucos é dado a percepção. Quase um dom perceber o que vai além das fugas, além das reações, além dos instintos, além das palavras muito bem articuladas. Quem vê apenas as aparências do reflexo, não percebe o que a profundidade esconde.

Quando se olha na superfície de um rio, vemos nossa própria imagem refletida. Todo Narciso se acha mais bonito, e é fácil se deixar levar pela beleza das aparências. Difícil é mergulhar no mar profundo das pessoas, para percebê-las. É preciso  profundidade para descobrir um oceano diferente de nós mesmos ou do que vivenciamos. E quando ha tempo para a exploração, conhece-se a diversidade e o padrão perde sua referência.
Ser profundo é ter uma arca do tesouro escondido; é ter lama e água cristalina coabitando o mesmo mar; é ter uma margem sem reflexo e cheia de ondas; é deixar de ser Narciso e ter consciência de uma beleza imperfeita e diferente da do espelho; é ver o outro como ele realmente é, perceber o desconhecido.

Vivemos de aparências. Julgamos o que parece ser. E acreditamos no que não é.
A essência tá escondida, esquecida e desacreditada.
A superficialidade se tornou mais importante. Ter um comportamento padrão e politicamente moldado é mais valorizado do que ser autêntico.  Ser profundo é arriscado, exige tempo, dedicação, esforço, dá trabalho e dor de cabeça.

sábado, 24 de agosto de 2013

:: Carta de Despedida ::




Antes de qualquer coisa, gostaria de te dizer obrigada.
Me sinto tão agradecida por tanta coisa, que seria desleal tentar listar, ou mesmo priorizar, os momentos em que você foi essencial. Nos detalhes simples,ou até nos mais profundos sermões, você demostrou ser admirável. Não por ser perfeito, mas por ser, antes de tudo, autêntico.
Coimbra nos proporciona a convivência com a adversidade, mas sei, será difícil encontrar sua singularidade,  ou mesmo o seu encanto, em outros rostos. De uma forma muito sutil, você me proporcionou o conforto de ser quem eu sou. Minha identificação com sua personalidade, me trouxe segurança nas turbulências e paz para continuar no barco.
Hoje, a tristeza de te ver partir é diretamente proporcional á alegria que senti com a sua presença no meu convívio diário. Contudo tenho certeza que essa distancia será apenas física, nossas afinidades vão além do temperamento, além dos valores.. nossa conexão é mental, muitas vezes espiritual. Tudo o que vivemos, guardarei  sempre comigo.Você talvez nem faça idéia do tanto que nossa amizade me acrescentou... do tanto que ela me fez mais humana.... do tanto que ela me direcionou. Meus padrões de referências mudaram por sua causa. Sentirei muito a sua falta, falta do bom humor, da irreverência, do diálogo, do afeto, da similaridade, da falta de constrangimento em nossos silêncios.

Certa vez, você falou que meu terreno era frutífero. mas tudo se deve a origem do meu adubo, pois a luz e água vem do alto, mas é no que me rodeia que absorvo os nutrientes e sustento minhas raízes.
Feliz o dia em que escolhi você para me aprofundar. Feliz o dia em que você aceitou.
Antes de qualquer coisa, gostaria de te dizer obrigada.

:: Queimada ::



Quando eu tinha nove anos, eu adorava jogar queimada. Eu era ótima. Sempre ganhava.
Quando se tem trinta e dois, e se resolve jogar queimada, o que se ganha é uma blusa rasgada, várias bolhas por toda a sola do pé, uma bola na cara, uma unha sangrando, além, é claro, de muita diversão.
Acho que vinte e três anos depois, continuo ótima.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

:: Espinhos ::



Eu cuido de cactos.
Eles são resistentes, independentes, exigem pouca atenção.
Eles são fortes, valentes, não me dão preocupação.
Possuem muitas defesas, escudos, não gostam de carinho.
Me machucam, me espetam, possuem muitos espinhos.

Eu cuido dos cactos, mas eles não cuidam de mim.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

:: Menina criada em roça ::




Hoje, depois de anos, subi no pé de limão aqui do quintal.
Me fez lembrar da fazenda e da época em que subir em árvores, era só mais uma distração do dia.
Me fez lembrar das frutas que eu apanhava do lado de lá.
Me fez lembrar das minhas origens e de quem eu era...

Hoje, depois de anos, estou toda arranhada.
Mas, pela primeira vez não achei ruim,
pela primeira vez o limão era siciliano,
pela primeira vez foi do lado de cá...

Independente do cenário, as histórias, as vezes se repetem...
Independente do lado, eu, as vezes me repito também!



terça-feira, 28 de maio de 2013

:: Sinais ::


As vezes, sinto saudades do que não aconteceu,
De pessoas que nunca existiram,
De sentimentos que não lembro ter sentido.
Depois desse vazio, vem a tristeza acompanhada da dúvida.
Como posso sentir saudades de algo que não vivi???
Mas se o sentimento é latente, quem garante que não existiu???
Algumas sensações são tão fortes quanto um beliscão.
Ainda assim, é difícil traduzir a linguagem da minha alma.
Ela fala, grita, gesticula, desenha, até me esbofeteia.
Me sinto criança tentando decifrar minha própria caligrafia.