domingo, 28 de novembro de 2010

:: Listagem ::


Muitas vezes, os turistas conhecem mais o Brasil que os próprios brasileiros. Aqui não é diferente, hoje conheço mais cidades que a maioria dos portugueses que já encontrei.
E Toda vez que alguém me pergunta onde já estive, nunca consigo lembrar tudo de uma vez só. E pra não esquecer, resolvi deixar registrado aqui, uma relação de todos os lugares que já conheci.

Lisboa, Porto, Coimbra, Fátima, Évora, Aveiro, Vila nova de Gaia, Braga, Bragança, Guimarães, Conimbriga, Óbidos, Cascais, Sintra, Mafra, Beja, Faro, Lagos, Lagoa, Viseu, Burssaco, Figueira da Foz, Santa Maria da Feira, Viana do Castelo, Tomar, Almurol, Alcobaça, Batalha, Peniche, Berlengas, Setúbal, Serra da Estrela, Guarda, Tábua, Gois, Alcacer do sal, Almada, Caldas da Rainha, Cantanhede, Espinho, Leiria, Peso da Régua, Covelinhas, Alvito, Alcoentre, Palmela, Alpiarça, Estoril, Antanhol, Meda dos Mouros, Golegã, Mira de Aire, Eiras, Piodão, Folgosinho,Ceia, Manteigas, Penalva do Castelo, Lusinde, Sezures, Esmolfe, Satão...

Falta conhcer a Ilha da Madeira.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

:: Visualizações ::



Muitas pessoas estão me cobrando a continuação do blog. Isso me deixa feliz, apesar de ter sido ótimo o meu sumiço, só assim descobri quem realmente acompanha minhas peripécias.
Estava desestimulada pensando ser em vão essas histórias.

Com tantas novidades desde o último post, tentava escolher sobre qual assunto falar primeiro. Enquanto isso, resolvi futricar nas configurações internas do site.
Pra quem não tem blog, existe uma sessão de Estatísticas. Eu que nunca tinha nem clicado lá, resolvi descobrir o que era. E nada mais é do que a quantidade de visualizações que o blog tem.

Confesso que fiquei MUITO surpresa quando vi que pessoas de outros países visitam minha página também.

Brasil - 218 visualizações
Estados Unidos - 157 visualizações
Portugal - 124 visualizações
Suécia - 2 visualizações
Ermirados Árabes Unidos - 1 visualização
Colômbia - 1 visualização

Talvez isso esteja errado, ou nem signifique nada demais....
Mas prefiro acreditar que é um incentivo extra pra eu voltar!!!!!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

:: A vida muda ::



"Alguém disse que quem espera sempre alcança.

Nunca esperei, apenas deixei.

E nunca esperei que fosse tanto.

Um tanto de mim... maior que eu.

A vida muda por pouco.

Um pouco com pouco tempo,

com pouco som,

com pouco gestos,

com pouco e soltos sorrios.

Por pouco assim, a vida muda um tanto assim.

Um tanto Brasil, um pouco Portugal

e um outro de mim."

segunda-feira, 31 de maio de 2010

:: Sonho ::

Hoje acordei e achei que estava em um chalé na praia.
Talvez seja pelo calor, ou pela vista verde com o rio ao fundo que tenho da varanda.

Tem dias que acordo e acho que ainda estou no meu quarto em Brasília.
Talvez seja pq já me sinto em casa, ou então pela secura.

Em muitos dias acordo e me sinto de férias.
Isso com certeza tem a ver com o ritmo bem calmo com que tudo acontece por aqui.

Tem dias que acordo e as mudanças todas me assustam.
Talvez seja pq parece que foi ontem que desci do avião.

Tem dias que acordo com um aconchego no coração.
Talvez seja pq mesmo distante, ainda me sinto bem próxima de muita gente.

Tem dias que acordo e ainda estranho o sotaque local.
Talvez seja pq simplesmente acho que mudei de estado, e não de país.

Tem dias que acordo com a sensação de estar "no lugar certo, na hora certa",
Talvez seja pq realmente o acaso não existe.

Tem dias que acordo ao som dos passarinhos.
Talvez seja pra que eu não me esqueça dos que me acordavam antes.

Tem dias que acordo e não sei se acordei mesmo ou se continuo dormindo.
Talvez seja pq meus olhos não acreditam no que estão vendo, ou talvez o sonho virou realidade.

Quase todos os dias acordo e tenho vontade de sair cantando e dançando pela rua.
Talvez seja pq eu sou meio doida (e isso é um fato),
Mas talvez seja pq realmente a felicidade invadiu e transbordou!!!!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

:: Abençoada ::




Ainda na época que estávamos todos mais ociosos esperando as aulas começarem, surgiu um convite: "- Vamos esse final de semana pra Fáima?". Apesar de ser bem religiosa e saber da fama dessa cidade, nunca foi minha prioridade conhecê-la. Porém como estava sem fazer nada e ia ser um "bate-volta" de apenas um dia. Aceitei. Por uma questão de facilidades, resolvemos ir no sábado e não no domingo. Sexta a noite então, entrei na internet pra saber um pouco mais sobre o lugar. Adoro fazer pesquisas. A primeira coisa que descobri foi que Fátima é um nome árabe, ao contrário do que havia dito na texto da turca. Li tudo sobre a história da cidade, os lugares sacros, os relatos das aparições da Santa e do anjo, a vida dos pastorinhos... Fui me contagiando com o clima, e só fui dormir pq já estava tarde.

A cidade era bem aquilo que havia pesquisado. Tudo muito fiel. Porém o que não havia lido em lugar nenhum foi sobre a atmosfera do lugar. Era mesmo mágico e especial. Estávamos em três: um espirita, uma católica e uma evangélica, e todas sentiam a mesma coisa sobre estar realmente em um lugar diferente. No começo me espantei com o número de fieis, o santuário todo estava cheio e nem estávamos ainda nos meses de procissões. Logo decidimos assistir uma missa, pra nos envolvermos ainda mais com o contexto. No meio da missa a ficha caiu: era o dia 13 do mês, dia exato de todas as aparições de Maria no lugar. Eu até então não tinha me dado conta, nem as meninas, nada foi programado nesse sentido, ou seja, era mais uma daquelas velhas "sincronicidades" da vida. O passeio todo foi muito encantador, visitamos todo o santuário: a paróquia, a basílica, a igreja, a capelinha, a árvore, o muro de Berlim [sim, lá tem um pedaço do muro original], a colunatas e o Museo/casa de Lúcia e o poço do anjo. Foi lindo.

Quando falei pra minha mãe sobre as minhas intenções de ir ao Santuário, ela ficou muito entusiasmada e me relatou sua afinidade com a N.S.de Fátima. Confesso que chegando lá não me contive e fiz orações pedindo proteção e orientações nessa minha nova jornada. Logo vieram as respostas. Quando chegamos ao muro de Berlim, paramos pra tirar fotos, entre as muitas pessoas que nos interrogavam sobre o que se tratava aquele "pedaço de concreto" [tá vendo pq adoro fazer pesquisas] uma delas me chamou muita atenção. Ele era Lindo, e veio em minha direção. Eu que já estava sem ar, fiquei mais ainda quando ele falou comigo em inglês [não falo nada, nada, nada da lingua]. Não sei como, perguntei se ele falava português [em inglês] Ele respondeu que não, logo a Carol veio ao meu lado conversar com a beldade. Foi quando vi sua batina por baixo do sobretudo [estava um dia muito muito muito frio]. Ele era padre, logo vi que ninguém era mesmo tão perfeito. Ele simpático desde o início, estava apenas se oferecendo pra tirar uma foto das três. E tirou.

Já na volta, dentro do ônibus, estávamos exaustas de caminhar o dia inteiro, sentamos no último banco, aquele inteiro. A Luana de um lado, Carol de outro, e eu largada no meio, quase caindo da poltrona. Paramos em Leiria e subiram alguns passgeiros. Do meio pra trás não havia ninguém sentado, apenas nós no último banco. Dois rapazes sentaram bem perto. Eram jovens, atléticos e um deles bem bonito. Esse no entanto, desde que entrou não parou de me olhar, eu muito matuta, já estava bem constrangida. Puxei assunto com a Carol pra não ter que ficar olhando pra frente [corredor]. Assim que ele parou de olhar pra mim, me ajeitei na cedeira, como uma mocinha comportada. O ônibus deu partida, e ainda assim ele olhava toda hora pra trás, na tentativa de arrumar alguma desculpa pra conversar. Logo ofereceram o lanche que começariam a comer. Foi quando a Luana se levantou pra ir ao banheiro. Não conseguindo abrir a porta ela gritou pela Carol, eu que estava no meio me levantei e fui ajudá-la. Quando passei por eles,  escutei: "- Então vc se chama Carol?". Neguei, falei meu nome e fui até a Luana. Na volta ele se levantou e ficou no corredor, sentado no braço da poltrona da frente, muito atirado começou uma conversa. Me lembrei de todo meu adestramento na cidade grande e fui educada. Afinal conversar é comigo mesmo. Conversa vai, conversa vem, perguntei o que eles estavam fazendo. Senti que a pergunta não agradou muito, mesmo assim insisti. Mais uma vez ele tentou fugir, mas eu muito persuadiva consegui a resposta. Porém ficamos todas meio em choque, ou mesmo sem querer acreditar. Ele tirou do bolso um documento oficial comprovando o que falava. Lemos tudo e se fez um minuto de silêncio. Para situação não ficar ainda pior, tentei continuar a conversa como se tudo aquilo fosse a coisa mais normal do mundo e acontecesse com qualquer um. [coisa que tb faço muito bem]. Eles eram presidiários, estavam detidos a 6 anos e aquela era a sua primeira visita condicional, tendo que se apresentar novamente há polícia na segunda a noite. Lembrei da minha irmã que trabalha em um bairro muito perigodo em minha cidade, ela sempre atende alguns "suspeitos" e diz: de bandido ou vc vira amiga, ou já é inimiga. Na dúvida resolvi ser "amiga" e me vi perguntando como é a vida no presídio, o sistema carcerário, as acomodações, as refeições, como foram detidos, quando vão ser soltos, até sobre as visitas intimas soubemos. Mas confesso que não via a hora de chegar em Coimbra. Acho que fui muito convincente, pq até meu telefone ele pediu, e pensem em um jogo de cintura que fiz pra conseguir mentir.
Chegando em Coimbra não tinhamos muito tempo, havia uma festa dos calouros que nos comprometemos a ir, e já estava na hora. Na festa conhecemos muito brasileiros recém chegados. Já no final da noite, o que eu particularmente havia achado mais animado, veio conversar comigo. Estavamos junto com o pessoal, eu que não me aguento já estava contando dos presidiários que conheci a poucas horas e ele das peripécias que passou até chegar aqui. Ele era divertido, [me fez lembrar muito, um amigo que hoje está na Austrália]mas conversamos muito pouco e já era hora de ir embora. Ele pegou meu telefone e no dia seguinte me chamou pra ir ao cinema. Eu que havia achado que ele estava acompanhado na boate, nem fiquei prestando muita atenção, quando ele se aproximou foi muito rápido, e tinha muita gente, e eu muito constrangida, não reparei nada. No shopping a "amiga", que na minha cabeça era a namorada, estava junto, só por isso aceitei o convite [ser criada na roça tem dessas coisas]. Mas realmente foi o que salvou. Pq assim que cheguei, em menos de meio segundo, mandei uma mensagem pra Luana. "Ele é gay!!!". A Luana que já estava fazendo planos pra nós dois, morreu de rir.

Em apenas um dia: um padre, um presidiário e um gay, acho mesmo que a Santa ouviu as minhas preces!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

:: Irmã mais nova ::



O que eu menos tenho nessa vida é CERTEZA. Mas também quando ela aparece, não há espaço pra dúvida alguma.
Que nada nessa vida é por acaso, até Einstein já dizia. [e tá ai, uma pessoa que sabia das coisas]. Mas confesso que quanto mais o tempo passa, mais percebo o proposito da sincronicidade.
Há 20 anos atrás conheci uma pessoa. Na época nem fazia idéia da importância que isso ia ter em minha vida. Primeiro, pq crianças não fazem idéia de nada mesmo, só imaginam. E segundo pq foi tudo de forma tão natural, que nem teria como ser de outro jeito.
A verdade é que essa relação estava fadada a dar errada. Na primeira tentativa de aproximação, ela virou a cara e nem se quer me respondeu. Na segunda, ela decendo do ônibus escolar, enfiou o pé entre o meu e minha sandália, e foi parar no hospital com um gesso na perna. Eu era um bicho do mato [passei minha infância em uma cidade bem do interior] e ela muito urbana e influente. Adoro carne bem passada, ela ama as cruas. Falo pelos cotovelos, ela super tímida. Tenho memórias "intra-uterinas", ela lembra nem letra de música. Sou sempre ligada em tudo, ela vive desligada. Adoro dançar, ela não se entende nem com o dois pra lá, dois pra cá. Não vivo longe do computador, ela nem tem Msn. Sou super apegada a tudo, ela super livre. Mas misteriosamente, tudo deu certo.
Hoje é o aniversário dela. E depois de tantos anos é a primera vez que não poderei estar presente na comemoração. Isso me deixou meio nostáugica. Passei o dia lembrando o que já vivemos. E não foi pouca coisa. Como tudo começou quando ainda tinhamos 9 anos, inevitavelmente, passamos por muitas coisas juntas. Sempre juntas. Acho que desde que a conheci, me perguntam se ela é a minha melhor amiga. Sempre foi nitido a nossa ligação. No começo dizia que sim. Hoje digo que não. Respondo que é muito mais do apenas isso, ela já se tornou minha IRMÃ.
E isso significa muito pra mim. Em todos esses anos, estávamos sempre presentes uma na vida da outra. Ela de forma mais silenciosa, eu sempre fazendo um escandalo. Mas sempre presentes. Seja no natal, no ano novo, no carnaval, no aniversário, no vestibular, na formatura, no casamento, no termino, no recomeço, no hospital, no velório, na casa da mãe, na do pai, na do namorado, na fazenda, na casa de férias, no aeroporto, no cinema, no restaurante, na rua, no ônibus escolar, na sala de aula, no mercado, na kombe, na mudança, na gargalhada, nas lágrimas, nas férias, nos churrascos, nos convites de última hora, nos eventos "chiquetosos", na família, na personalidade...     no coração.
Por ela ponho minha mão no fogo, sem medo de me queimar. Nunca conheci uma pessoa tão correta e integra. Como também nunca conheci alguém tão sotuda. [brinco falando que ela não só naceu virada pra lua, mas tb pra todos os outros planetas enfileirados]. Parte do que eu sou hoje, veio dela. Parte da história dela hoje, vem de mim. É bom saber que ela vai sempre estar presente, mesmo que ausente. Bom saber que nos reencontramos nessa vida.  Bom saber que foi uma "coincidência significativa".

Hoje é o aniversário dela. E depois de tantos anos é a PRIMEIRA vez que não poderei estar presente na comemoração.

segunda-feira, 8 de março de 2010

:: Mala e Cuia ::




É verdade que TODAS as pessoas me falaram pra eu não trazer nada. Eu muito teimosa, se quer conseguia imaginar, passar dois anos em algum lugar  de mãos vazias. Como previsto [e planejado] paguei excesso de bagagem em quase 20kgs. E, ainda assim, não trouxe tudo o que queria.
Era tanta mala, tanto peso, tanta coisa, tanto o que carregar que quase cheguei a me arrepender [mas ficou no quase]. Confesso que tive que contar com o aopio amigo do Alex. Sem ele com certeza não chegaria ao meu destino final. Afinal, foram duas malas extra grandes, uma com 42kg e outra com 47kg, uma pequena de 7kg, uma mochila que não pesei, mas chegou perto dos 5kg, fora o travesseiro, encomendas e as sacolas com os presentes que ganhei no aeroporto. Conclusão: não conseguia sair do lugar com tudo isso. Resultado: traumas profundos. rs.
Ando tão traumatizada em carregar peso que já me vi saindo sem bolsa pelas ruas só pra não ter que lembrar. Antes, sair sem bolsa era sinônimo de sair sem roupa. Aqui descobri como é boa essa sensação de leveza. Mas também lembro todos os dias como é confortável a segurança em ter tudo por perto.

Desde o começo foi muito difícil descidir o que trazer e o que deixar. Muito mesmo. Nunca soube fazer uma mala pequena na vida. Nem fazer uma mudaça apenas com malas. Levei quase uma semana nessa maratona. Na vespera da viagem, só consegui tranquilidade pra dormir, quando vi todas as malas fechadas. O que não adiantou muita coisa, na manhã seguinte abri TODAS novamente pra tentar rearrumar tudo e trazer ainda mais coisas. E quando pensei que finalmente havia fechado as malas, minha irmã aparece pro almoço [horas antes do embarque] e vê em cima da minha cama as roupas que não couberam. Mas teimosa que eu, re-abriu TODAS as malas de novo e milagosamente enfiou [sim ela literalmnte socou pra dentro] tudo o que tava de fora. Antes as malas já pareciam que iam explodir, agora era só uma questão de tempo. Era inacreditável que havia conseguido colocar pratimente o meu quarto inteiro em três malas. Mais inacreditável ainda era levar meu "quarto" pra europa. Minha mãe solidária a mim, desde o início da maratona, se ofereceu a pagar pelo excesso. Meu pai praticamente me deserdou quando teve que levantar todo aquele peso para a carroceria da camionete. Sim as minhas malas não cabiam num carro normal.
Na despedida foi bem tranquilo, vários amigos pra ajudar [pq meu pai mesmo, pediu aposentadoria, rs]. Na chegada o desepero começou, mal consseguia tirar a mala da esteira, depois quem disse que eu consseguia colocar uma em cima da outra no carrinho? Era muito grande, muito pesada e eu muito cansada, ou seja, missão impossível. Fui empurrando como deu, o carrinho com quase tudo, e uma mega mala na outra mão. Quando finalmente avistei o Alex, antes de qualquer abraço, ou uma possível manifestação de alegria, ele olhou pra tuuuuuuuudo aquilo e falou: -Qual parte do "trás pouca coisa", que vc não entendeu?
Nesse momento outra luta começou. Fazer tudo aquilo entrar dentro do táxi com espaço pra mim, Alex e o motorista. Não houve nenhum taxisista que o fizesse sem reclamar o percurso inteiro [e aposto que alguns ainda me xingaram depois, rs.]. Vários deles tb cobraram taxas extras. Já na casa do Alex, não sabia se era maior o frio ou o medo de abrir uma das malas e nunca mais conseguir fechar. Era sempre um desafio esse momento. Eu tentava abrir só um pedacinho do ziper e pegar o primeiro pano que encontrasse na frente, sem poder escolher, pra não voar tudo pro alto, como naquelas caixinhas surpresas. Basicamente trocava só a primeira blusa e ia altenando a ordem dos casacos [acreditem, eram muitos] para aparecer diferente na rua. Foi assim todos os dias em Lisboa e no hotel em Coimbra. No alojamento, entrei em extase profundo quando finalmente pude tirar tudo das malas, colocar no armário e poder escolher a roupa que vestir. Uma sensação de alivio e liberdade inexplicáveis.
Quando finalmente achei que todos os meus problemas haviam se resolvido, descobri que teria que trocar de residência. Tentava imaginar como faria dessa vez. Primeiro porque comprei muitas roupas para não congelar e segundo pq a mala pequena eu havia entregue á dona. Sem a ajuda da minha irmã, não consegui colocar nem a metade das coisas que vieram nas malas. Sem contar que tudo veio embalado a vácuo e agora não tinha o equipamento para fazer essa mágica de novo. Solução: fazer váaaaaaaaaaarias viagens até conseguir transportar tudo.
Tenho certeza que meu plano iria dar certo se não fosse a Sra. Ana Paula, a responsável pelo novo alojamento e a única que sabia em que andar eu iria ficar. Quando finalmente cheguei com a primeira mala, ela saiu. Esperei três horas e vi a noite chegar. Ela voltou, entrei no meu novo quarto, desfiz a mala e voltei com a bagagem vazia para uma nova viagem. A essa hora já não havia muitos ônibus e ainda faltava muita coisa. Tentei pedir ajuda pros conhecidos. A idéia agora era fazer uma única viagem, cada um com uma mala: eu, a Carol e o Iuri [falo deles em outro post]. A Carol estava animada. Porém quando o Iuri chegou e viu tudo o que teriamos que carregar, pensou no tanto que teriamos que andar, na cidade toda que teriamos que atravessar, nos ônibus que teriamos que pegar, nem cogitou outra possibilidade: ligou pro Gustavo e desrmarcou [sabendo bem como são as mulheres já havia pedido reforços]. Sem muitas explicações e ainda meio chocado, ligou na central e pediu um táxi. Simples assim e muito racional. Confesso que todos se assustavam ao ver minhas bagagens. Carol que ainda assim, continuava animava, foi comigo na última viagem. E tudo finalmente se resolveu.

Hoje invejo as pessoas que viajam sem malas e compram tudo por lá. Mas minha sindrome de "menina de orfanato" apenas me permite adimirar tamanha libertação.


terça-feira, 2 de março de 2010

:: Vinho do Porto ::



Em Porto fui à Cave Sandeman [foto]. Já conhecia a fama dos Vinhos do Douro. Mas o conhecimento não passava dessa fama, rs. Sem saber o que esperar fui entusiasmada à visita guiada. A marca propõem um certo mistério, seguido a risca em todo percurso.
Como uma boa ansiosa que sou, era a primeira da fila e fiquei bem na frente em todas as explicações. A guia usava um sombreiro [espanhol] e uma capa [portuguesa] igual a logo da marca.
Fizemos muitas paradas para várias explicações. Começamos pelo fundador, um Lorde Inglês, com espirito empreendedor. Aprendemos um pouco sobre a evolução, ao longo dos anos, do próprio vinho e porque os oriundos da região do Douro eram diferenciado. Entendemos depois sobre as diferenças entre os tipos de envelhecimento, tipos de armazenamento, colheita, fermentação, misturas, uvas. Descobrimos curiosidades e acontecimentos especificos daquela cave. Por fim assistimos a um filme que nos deixou ainda com mais água na boca, pela ênfase dada aos sabores e aroma que iriamos apreciar na degustação que viria a seguir.

Sabe criança em fábrica de chocolate? Era exatamente assim que estava me sentindo. Querendo levar todos os bombons pra casa e me lambusar naquela mar de desobertas. Já fazia planos para comprar todas as garrafas da loja, me sentia apaixonada por vinhos, pela marca, pela logo, pela história, por tudo.
Diante das taças, meus olhos brilhavam. Dei o primeiro gole com a boca cheia de vontade, toda animada. Animação que durou menos de meio segundo. Como quem acorda de um sonho,  me lembrei que era real o meu desgosto pelas bebidas alcóolicas. Nesse momento me sentia sem glamour algum, sem dignidade, sem sobrenome. Era tão chique presenciar a mesa dos franceses, tamanha naturalidade e domínio com a apreciação das bebidas.  Sai do facínio para a martírio. Cofesso que foi quase desesperador ter  que beber o conteúdo [que nem era muito] das taças e os seus 22% de águardente vinílica. Mas por honra à aquela elegante sensação europeia, refinamento quase ináto, que todo aquele ambiente proporcionava, de me sentir super "bem nasida",  bebi tudo. Como um boa menina.

Sobre a vontade de comprar todas as garrafas, achei mais sensato, depois de ficar: quente, tonta, vermelha e suando, procurar um bom chocolate quente pra gastar o meu dinheiro.

:: Presente de Aniversário ::



Confesso que comemorar o aniversário longe não é a melhor coisa do mundo. Como esperado, muitas pessoas que não podiam ter esquecido, esqueceram. Como inesperado, quem eu nunca imaginei, lembrou. O melhor de tudo são as surpresas. E as confirmações. Como em toda mudança, sempre existe espaço para olharmos tudo por um outro foco. As vezes precisamos sair da zona de conforto e ajustar as lentes. No fim tudo foi como havia de ser. E foi bom ainda que diferente.  
Longe entendi melhor o valor dos presentes. Do lado de cá ganhei apenas dois, vindos da mesma pessoa. Do lado de lá ganhei várias presenças em demonstrações sinceras de carinho e afeto. Pensando melhor eu que achava ter saído desse aniversário de mãos vazias, fiquei foi com o coração cheio. E acho que assim ganhei muito mais.
Todos os anos tento me presentear nessa data de alguma forma. Nesse, vou tentar estender essa vontade por muitos meses. Achei esse blog e gostei da proposta, simples e interessante. Já que tenho como lema a mudança, porque não?
Alguns desses desejos, já foram presentes em anos anteriores. Outros, não são ainda desejados, talvez em algum aniversário futuro. Quem sabe....

"Porque uma vez eu entrei no metrô e pensei... "

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

:: 2 meses ::




"Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância nem do isolamento, um vazio que invade as pessoas e que a simples companhia ou presença humana não podem preencher; solidão foi a única coisa que eu não senti depois de partir. Nunca. Em momento algum. Estava sim, atacado de voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade ás vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só."


"... Dias inteiros de calmaria, noites de ardentia, dedos no leme e olhos no horizonte, descobri a alegria de transformar distâncias em tempo. Um tempo em que aprendi a entender as coisas do mar, a conversar com as grandes ondas e não discutir com o mau tempo. A transformar o medo em respeito, o respeito em confiança. Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada querer."   


“Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”


Amyr Klink



Hoje fazem, exatamente, dois meses que essa aventura começou...
Distância, família, viagem, saudade, sentimento, tranformação, alegria, querer, solidão, amigos, paciência, entendimento, vazio, realização, presença, pessoas, histórias, mundo, pensar, sentido, tempo, interior, momento...
São palavras muito presentes.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

:: A Amiga ::


Antes de continuar essa história só queria falar uma coisa, a turca tem nome, e se chama Fátima!
Um nome bem português por sinal. Talvez esse seja apenas mais um de seus mistérios.
Bem, o que sei, é que depois do chororô todo, ela dormiu duas noites fora. No terceiro dia, já de noite, ela apareceu junto com a primeira amiga [a que dominava minha parte quando cheguei]. Entraram no quarto e, como sempre, estavam muito a vontade. Porem, a turca tinha a expressão triste, de quem acabou de chorar. Minha curiosidade analisava todos os movimentos. Eu tentava disfarçar. A amiga tentava contornar algum mal estar. E a turca dobrava alguns papeis em branco como se fossem de cartas. Em pouco tempo foi tomar banho [o que não acontecia com muita frequência]. Na volta, senti que ela se esforçava para sorrir, não demorou muito, começou a arrumar algumas roupas na mala. Me coçava inteira, tamanha a curiosidade que me consumia. Mil possibilidades me passavam em mente. Mas sei das minhas condições/dom para dramatizar tudo, então tentava me aquietar focando em uma realidade sem muita graça e bem previsível pros fatos.

Naquele final de semana continuei sozinha. Passados mais três dias ela voltou. [minha convivência com a turca teve "ciclos", no qual, o número três sempre esteve presente]. Voltou de manhã, passou o dia com a amiga na cozinha, faziam comida, conversavam, davam risadas, navegavam nos laptops. Sem dúvida os ânimos estavam melhores. Lá pelas tantas a turca abre a porta do quarto e sem falar nada me entregou um prato com sanduiche, tentei recusar, mas ela insistia. Aceitei pra não fazer desfeita. Talvez fossem os primeiros passos de uma comunicação. A princípio achei generoso da parte dela. Depois imaginei que fosse uma forma de retribuição, [à tarde ofereci trident e a minha cadeira pra sua amiga sentar]. Mas por fim acho mesmo que era ela tentando me agradar. Foi anoitecendo, elas pegaram o edredom e se acomodaram no sofá de uma das salas de convivência. Duas horas da madrugada, a turca voltou pro quarto, deitou na cama, deu boa noite e dormiu. As quatro, a amiga entrou no quarto, deitou junto com a turca deu boa noite e TAMBÈM dormiu.

Realmente aquela cena me deixou sem reação. Não conseguia nem supor o que poderia significar tudo aquilo. Só me lembrava do Sérgio e roubava os pensamentos dele pra mim. [Ele sempre acha que o mundo é gay ou lésbico, ou seja, vou fica pra titia]. Me parecia muito óbvio pra ser verdade, mas se fosse, parecia muito ousado. No dia seguinte convivemos as três em um quarto com menos de 10m². À noite, o que parecia irreal, se repetiu. Mas dessa vez, mais cedo, sem muita tática, sem tentativas de agrados, sem constrangimentos, com risadas, conversas e um boa noite conjunto. Tentava evitar dar razão ao Sergio, afinal, ainda preciso ter esperanças de casar e ter filhos. Não acho justo TODOS os homens lindos e agradáveis desse mundo, se amarem. Há de sobrar um pra mim! [Se possível, podia sobrar outro pra San, pra Carol, pra Nara, pra Anita... mas só se possível, rs.] Enfim, após minha crise com os pensamentos Sergianos, me dei conta que no dia seguinte estava de partida pra Lisboa. Com o território livre, só imaginava o que poderia acontecer. Sem ter outra opção, resolvi dormir também.

Acordei cedo, havia marcado de almoçar lá com o Alex. Assim que voltei do banho, a turca estava de pé. Porem a amiga ainda dormia. Dividir quarto é trabalhoso. Existe sempre a preocupação de respeitar o sono alheio. Não fazer barulho é quase um dom. Tentei resolver primeiro o que podia fora do quarto. Chegou um monento que não havia mais o que fazer, e eu me vi junto à turca, as "donas" do quarto, com a cortina ainda fechada, a luz ainda apagada e em total silêncio pra não acordar.... a "visita". Comecei a refletir o quanto eu realmente queria continuar sendo "simpática" ou o quanto seria mais divertido chegar logo em Lisboa. Antes que eu pudesse escolher a amiga acordou. Fiz minha mala em segundos [como nunca na vida consegui] e deixei minha cama à sorte do destino.
Logo que sai do elevador, no térreo, antes que eu pudesse desejar um bom dia, o Sr. Carlos me interrompe perguntando se a Fátima já havia ido embora. Tudo ficou confuso e apenas respondi que não. Mas já começou a arrumar as malas? Insistiu. Neguei novamente. Logo revelou que aquele seria o último dia dela.
Confesso que não sabia se ficava triste ou feliz.
Foi um começo sem encontros, encontros sem começo, vários desencontros, e um final sem despedidas.
Talvez devesse mesmo ser assim.

E eu que estava até gostando dos mistérios turcos, voltei e encontrei tudo vazio. Os mistérios? Sérgio explica.

domingo, 31 de janeiro de 2010

:: Frio ::





Tava todo mundo preocupado com o frio que eu ia passar. Eu mesma não. Deixei pra me preocupar aqui. Quando cheguei foi o dia mais frio do ano na capital. Fui salva pelo carinho em forma de sobretudo que ganhei da tia Elizete, nas vésperas da minha vinda. Passei frio é verdade. Tudo por que não queria desfazer as malas, não até acabar de chegar. No dia seguinte segui para Coimbra. Como esperado realmente estava mais frio. Dias depois a confirmação: foi o final de semana mais frio aqui tb. O bom é que vamos nos acostumando à temperatura. O reveion passei em Porto, de novo o sobretudo me salvou e de novo peguei os dias mais frios de lá tb. Acho que a preocupação das pessoas, pressentiam os recordes de dias frios que eu pegaria por aqui. E acho que a minha falta de preocupação, pressentia que eu traria comigo o calor interno que só os brasileiros tem. Como planejado, comprei muitos casacos pra não congelar com o frio europeu. Afinal o carinho da tia Elizete foi muito especial para ser usados todos os dias.
É verdade que no inverno as pessoas ficam mais elegantes. Só esqueceram de me ensinar como se faz isso. Não é a toa que todo mundo anda de preto, marrom e bege, tudo pra facilitar as combinações. Porque é preciso no mínimo três blusas pra se manter aquecido, fora a meia por baixo da calça, o cachecol, as luvas, o gorro, e ainda tem a bolsa, o sapato, os brincos. Eu que sou uma menina arco-íris, tento todos os dias combinar o verde, o rosa, o azul e o laranjado sem sair montada, pronta para o carnaval.
Confesso que mesmo correndo o risco de ficar brega e total “des-glamour”, acho muito mais divertido.

Assistindo as cenas do reveion na novela Viver a vida, uma portuguesa me perguntou porque todos estavam de branco. Contei da nossa tradição em relação às cores das roupas na passagem do ano. Como se eu já não houvesse percebido, ela ressaltou que em Portugal não era assim. Eu sei, no frio os europeus ficam bem monótonos. Estou só esperando o verão chegar pra saber se a culpa é mesmo do frio ou dos europeus.

Enquanto isso, desfilo por ai minha alegria em forma de cores, e essa também,só os brasileiros tem.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

:: Idosos ::



Assim que cheguei em Lisboa, o que mais me causou impacto foi a quantidade de velhinhos nas ruas, nos metros, nos bondes, nos cafés, nos mercados, em todos os lugares. Achei que fosse o bairro. Depois percebi que em todos os sítios era a mesma coisa. Quando cheguei em Coimbra achei que a proporção tinha aumentado. A faixa etária tb. Depois de conhecer Porto, Vila de Gaia, Figueira da Foz, Cascais e Sintra cheguei a conclusão que era unânime aquela realidade.
Aqui os idosos vão às ruas, são ativos, vão as compras, passeiam sozinhos e vivem como gente nova. E quando digo velhinhos, são senhoras e senhores de 70 a 80 anos. Alguns até muito debilitados ou com algum tipo de limitação. Mas nem por isso se enclausuram em casa.
Nos ônibus, por exemplo, os lugares preferenciais não abrangem a terceira idade. Afinal de contas, eles são mais da metade dos passageiros, hehehehe. E no Brasil, pessoas com 65 anos se aposentam e acham que tudo é desculpa pra não fazerem mais nada, assim realmente a vida acaba mais cedo.
Essa semana, vi um senhor de uns 85 anos, bem enrrugadinho, sentado na cadeira da frente e lembrei do Alex. [Conversando sobre esse assunto certa vez, ele comentou que com frequência vê "pessoas caindo aos pedaços, já em fim de carreira" que ainda insistem em uma vida social ativa.] Chegando ao próximo ponto, observei o velhinho se levantar com uma certa dificuldade, mas todo habilidoso. Logo reparei que lhe faltava uma perna, o que ele compensava com uma muleta já meio calejada. Orgulhosa dele naquela situação, com todos aqueles obstáculos e indo adiante, o vejo pegando umas setes sacolas de supermercado cheias que havia deixado do outro lado do banco. E como se nada estivesse afetando sua vida, na maior paz do mundo, desceu do ônibus: ele, todos os seus 85 anos, a muletinha, a ausência da perna e as sete sacolas de compras. E foi tranquilamente andando pra casa...

Já eu... naquele dia, subi os 125 degraus da Universidade (foto) sem reclamar.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

:: Filmes ::




Desde que tudo isso começou me sinto dentro de um filme. E cada dia que passa é ainda mais real essa sensação.


No aeroporto, durante a despedida o filme era drama Dentro do avião me senti parte integrante da " Família Buscapé". Tamanho era o meu entusiasmo com uma telinha de filme só pra mim. Assim que desci, me senti dentro de um filme com problemas de audio. As pessoas falavam com muitos chiados. Logo que me vi tentando carregar todas aquelas malas, o filme era de comédia, com cenas hilárias. Quando conheci Lisboa e sua parte histórica, o filme era de época. No metrô, o filme era "Ghost", com direito ao carinha do trem e tudo. Assim que cheguei em Coimbra, o hotel onde havia feito as reservas estava fechado, já eram umas 8:30 da noite, frio, nublado, eu e todas aquelas malas no meio de uma rua mal iluminada, o filme era de terror. Tentar achar alguém na rua, um táxi e um quarto disponível domingo à noite, tendo, para isso, que descer e depois subir oitos andares de escada, o filme foi de aventura. Já no novo hotel me senti em "Esqueceram de mim em NY". Bastou eu dar meia volta pela cidade pra ver o salgueiro lutador do "Harry Potter", tenho medo daquela árvore. Dois passos à frente vejo o próprio Rony Weasley e todos os seus irmãos, com direito a capa longa, chapéu pontudo, gravata, colete preto e cachecol colorido. Tinha certeza que era algo do tipo: festa à fantasia. Até o dia seguinte me deparar com umas 5 lojas que vendiam os mesmos trajes para estudantes. No Castelo em Sintra (foto), me senti praticamente a Hermione em Hogwarts. Já no albergue em Lisboa, foi a vez do Beco Diagonal, pois a entrada do hostel ficava dentro de uma loja de souvenir. Na cave Sandeman em Gaia, o filme era “Zorro”. Cheguei no auge do outono, com todas as folhas amareladas, o filme não podia ser outro: “Outono em NY”. Agora que começou o inverno, o filme é “A era do gelo”. No alojamento, o filme é "Albergue espanhol". Quando a turca, que divide o quarto comigo, recebe uma amiga o filme fica sem legenda. Quando estamos só eu e ela o filme é mudo. Ela não fala português e eu não entendo turco. Quando ando de ônibus e vejo todos aqueles velhinhos, bem velhinhos e super dispostos o filme é “Cocoon”. Quando vou de comboio e percebo que todos compram os bilhetes, mesmo sem ninguém pra cobrar o ticket, o filme é de ficção.  Na loja da MAC o filme foi "Os Delírios de Consumo de Becky Bloom". Na avenida comercial cheia de grifes famosas, o filme é “Sex and the city”. Esperando ansiosa minhas aulas começarem, o filme é "O fabuloso destino de Amelie Poulain". Sobram cenas, me fogem os títulos...

Só queria saber quando minha comédia romântica vai, enfim, começar...


domingo, 10 de janeiro de 2010

:: Anabela ::

"Você é um PONTO!"
 

sábado, 9 de janeiro de 2010

:: Chorei ::




Tenho recebido mensagens de carinho e conforto tentando me "consolar", desde o dia que cheguei. Acho que muitas pessoas esperavam que eu me desaguasse em lágrimas, assim que pisasse em terras portuguesas. O que ainda não aconteceu. Meu nível de encantamento com tantas novidades é tamanho que ainda me sinto de férias e entusiasmada até com o que sai errado. Sou só sorrisos. Mas admito que no meio de um mar de dias bons, um deles foi um tanto quanto ruim. Nada de tristeza, nada de saudade, nada de arrependimento, apenas pessoas difíceis em uma situação igual. Tava meio baqueada tentando me segurar.

Liguei o computador e entrei na internet na esperança de falar com pessoas amigas e me distrair um pouco.
E o que encontrei foi um e-mail do afilhado/sobrinho mais LINDO do mundo... Intitulado:  "A barba do Papai Noel"

Dizendo:  "Dinda! Tô morrendo de saudades!"

Achei que foi jogo baixo, não me contive, joguei a toalha
e chorei... igual o Francisco.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

:: A turca ::


Assim que cheguei ao alojamento soube que dividiria o quarto com uma turca. Passei o dia desfazendo minhas malas (acreditem isso me trouxe muito alivio, conto os detalhes depois) e esperando o retorno da turca ao quarto. As horas foram passando e nada da turca aparecer. As malas foram desfeitas e eu já repousava na cama tentando me acostumar com a nova situação que me encontrava. E a turca? Nada. Logo apareceu a responsável pelo corredor, para me orientar sobre as regras do lugar. Tentei arrancar alguma informação sobre a turca, sem ser muito direta. A notícia que recebi foi que ela não falava português, e nem inglês. Não sabia o que pensar na hora, a única coisa que me veio em mente foi que as noites em claro jogando Imagem e Ação não teriam sido em vão. Parecia piada. Logo eu que adoro conversar. A noite foi chegando e nada da turca aparecer. Fui me socializar na cozinha, e entre uma conversa e outra, tava eu de novo perguntando pela menina. Soube então que ela não era vista há dias. Fui dormir ainda na expectativa dela aparecer. O que não aconteceu, realmente ela tinha viajado. Eu que tava me sentindo invadindo o espaço alheio, já tinha tomado conta do lugar. Foi ótimo ter o quarto só pra mim por aqueles dias. O que me espantava era que as coisas dela estavam meio jogadas, como quem sai com pressa de manhã e de noite arruma. Mas logo descobri que ela não era bem quista no corredor, justamente por sua falta de organização e higiene. Confesso que desde os pensamentos mais primórdios sobre essa viagem, a primeira e única exigência que eu mesma me fazia, era ter um quarto individual, queria privacidade e um canto só pra mim. E de repente me vi ali... naquela situação dividindo o quarto com a ausência da turca. (Uma "pernsona no grata", com maus hábitos de higiene e que ainda por cima, não falava minha língua, ou seja, tudo o que sempre sonhei). Como programado viajei no recesso de Natal. Voltei dia 03 ainda de manhã. As aulas retomariam apenas no dia 09, imaginei então que ela não teria chegado. Para minha surpresa assim que avistei o alojamento, vi na janela do "meu" quarto, uma pessoa. Pensei... é a turca. Chegando ao quarto, encontro a minha parte completamente tomada, cheia de coisas dela e algumas coisas minhas mexidas, mas a turca mesmo, nada. Sem saber o que fazer, fui procurar Sr. Carlos, o responsável por tudo. Relatei a situação com uma certa revolta e ele super me deu razão. Orientou-me a tirar as coisas dela do meu espaço e me disponibilizou lençóis e toalhas limpas pra eu trocar. Voltando ao quarto com aquele kit, encontro a turca pasma com a minha entrada. A essa altura do campeonato eu estava um tanto quando indignada. Ela veio se justificando, eu não entendia uma palavra se quer. Ficou uma situação super chata e sem chance de ser esclarecida. Troquei a cama, desfiz minhas malas, arrumeis minhas coisas, quando eis que batem na porta. Achei que era o Sr. Carlos vindo ver o resultado. Mas não, era a turca!!! Quem estava no quarto era uma amiga dela. Nessa hora eu já estava quase dando um faniquito. Porem, primeiro nunca me senti tão sem ter o que falar e segundo, a cara de espanto dela foi tãaaao maior que a minha revolta, que achei melhor nem tentar me manifestar. Ficaram as duas lá cochichando (como se eu entendesse alguma coisa) e mais assustadas que tudo. Resolvi dar uma volta na cidade pra elas terem mais espaço de se resolverem.


Passados três dias, não sei se foi o susto do primeiro encontro, se é da cultura turca, ou se foi a falta de uma língua em comum, nossa comunicação basicamente se resumiu em good night e good morning. Mas apesar disso, acredito que nossa convivência tenha sido pacifica. Ontem ela recebeu outra amiga aqui no quarto (a terceira nesse período, descobri toda uma comunidade turca no alojamento, ainda bem que não "rodei a baiana" no primeiro dia) a conversa começou animada, mas logo senti o clima pesando. Bastou poucos minutos pra turca estar aos prantos. E o choro não parava. Eu inevitavelmente presenciando aquilo, sem saber o que fazer. Logo depois a amiga também começou a chorar. Eu, bem brasileira, não sabia se chorava junto ou se levantava e ia abraçar as duas. Confesso que tive que me conter. Achei mais sensato ir à cozinha e deixá-las mais a vontade. Ela não dormiu no quarto essa noite. Quase fiz um bilhete e traduzi no google, perguntando se ela tava melhor e se eu poderia ajudá-la de alguma forma. Mas nem ia adiantar, ela não apareceu o dia todo e provavelmente também não dormirá hoje aqui. Não sei o que é maior, minha preocupação ou minha curiosidade. Mas que estou louca pra ver o fim dessa história, há isso estou...


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

:: Mudanças ::



A vida é cheia delas. E servem pra nos tirar do automático.
Para falar... agora preciso pensar.
Eu que adorava chamar ônibus de busão, tento me acostumar com "autocarro". Moça agora é "rapariga", rapaz é "gajo", parada é "paragem", gostaria é "gostava", controle é "controlo", lembre-se é "lembra-te", lugar é "sítio", bolsa é "mala", jeans é "ganga", trem é "comboio", todo mundo é "toda gente", tudo bem? é "estás boa?", creme de leite é "nata", cel é "tlm", balão é "rotunda", papai noel é "pai natal", muito é "um bocado", copa do mundo é "mundial", canudo é "palinha", vaso é "sanita", banheiro é "casa de banho", esmalte é "verniz", cardigan é "camisola", calcinha é "cueca", carona é "boleia", legal é "giro", bunda é "rabo", banho é "duche", 8:15 é "oito e um quarto", 9:40 é "dez menos vinte", nome é "apelido", menino é "miúdo", criança é "Puto", viado é "paneleiro",  liquidação é "saldo", brega é "perua", vagabunda é "cabra", goleiro é "guarda redes", panela é "tacho", terno é "fato", estampa é "padrão", concreto é "betão", suco é "sumo", geladeira é "frigorifico", açougue é "talho", coca é "cola", brocolis é "brocolo", repolho é "couve", graça é "piada", prova é "frequência"...
Cada dia reaprendo uma palavra nova para uma coisa velha.

Na escola fui alfabetizada em português, mas tentam me convencer que foi em "brasileiro". Acho até mais bonito, se puder mudar isso também, voto a favor!