sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

:: A turca ::


Assim que cheguei ao alojamento soube que dividiria o quarto com uma turca. Passei o dia desfazendo minhas malas (acreditem isso me trouxe muito alivio, conto os detalhes depois) e esperando o retorno da turca ao quarto. As horas foram passando e nada da turca aparecer. As malas foram desfeitas e eu já repousava na cama tentando me acostumar com a nova situação que me encontrava. E a turca? Nada. Logo apareceu a responsável pelo corredor, para me orientar sobre as regras do lugar. Tentei arrancar alguma informação sobre a turca, sem ser muito direta. A notícia que recebi foi que ela não falava português, e nem inglês. Não sabia o que pensar na hora, a única coisa que me veio em mente foi que as noites em claro jogando Imagem e Ação não teriam sido em vão. Parecia piada. Logo eu que adoro conversar. A noite foi chegando e nada da turca aparecer. Fui me socializar na cozinha, e entre uma conversa e outra, tava eu de novo perguntando pela menina. Soube então que ela não era vista há dias. Fui dormir ainda na expectativa dela aparecer. O que não aconteceu, realmente ela tinha viajado. Eu que tava me sentindo invadindo o espaço alheio, já tinha tomado conta do lugar. Foi ótimo ter o quarto só pra mim por aqueles dias. O que me espantava era que as coisas dela estavam meio jogadas, como quem sai com pressa de manhã e de noite arruma. Mas logo descobri que ela não era bem quista no corredor, justamente por sua falta de organização e higiene. Confesso que desde os pensamentos mais primórdios sobre essa viagem, a primeira e única exigência que eu mesma me fazia, era ter um quarto individual, queria privacidade e um canto só pra mim. E de repente me vi ali... naquela situação dividindo o quarto com a ausência da turca. (Uma "pernsona no grata", com maus hábitos de higiene e que ainda por cima, não falava minha língua, ou seja, tudo o que sempre sonhei). Como programado viajei no recesso de Natal. Voltei dia 03 ainda de manhã. As aulas retomariam apenas no dia 09, imaginei então que ela não teria chegado. Para minha surpresa assim que avistei o alojamento, vi na janela do "meu" quarto, uma pessoa. Pensei... é a turca. Chegando ao quarto, encontro a minha parte completamente tomada, cheia de coisas dela e algumas coisas minhas mexidas, mas a turca mesmo, nada. Sem saber o que fazer, fui procurar Sr. Carlos, o responsável por tudo. Relatei a situação com uma certa revolta e ele super me deu razão. Orientou-me a tirar as coisas dela do meu espaço e me disponibilizou lençóis e toalhas limpas pra eu trocar. Voltando ao quarto com aquele kit, encontro a turca pasma com a minha entrada. A essa altura do campeonato eu estava um tanto quando indignada. Ela veio se justificando, eu não entendia uma palavra se quer. Ficou uma situação super chata e sem chance de ser esclarecida. Troquei a cama, desfiz minhas malas, arrumeis minhas coisas, quando eis que batem na porta. Achei que era o Sr. Carlos vindo ver o resultado. Mas não, era a turca!!! Quem estava no quarto era uma amiga dela. Nessa hora eu já estava quase dando um faniquito. Porem, primeiro nunca me senti tão sem ter o que falar e segundo, a cara de espanto dela foi tãaaao maior que a minha revolta, que achei melhor nem tentar me manifestar. Ficaram as duas lá cochichando (como se eu entendesse alguma coisa) e mais assustadas que tudo. Resolvi dar uma volta na cidade pra elas terem mais espaço de se resolverem.


Passados três dias, não sei se foi o susto do primeiro encontro, se é da cultura turca, ou se foi a falta de uma língua em comum, nossa comunicação basicamente se resumiu em good night e good morning. Mas apesar disso, acredito que nossa convivência tenha sido pacifica. Ontem ela recebeu outra amiga aqui no quarto (a terceira nesse período, descobri toda uma comunidade turca no alojamento, ainda bem que não "rodei a baiana" no primeiro dia) a conversa começou animada, mas logo senti o clima pesando. Bastou poucos minutos pra turca estar aos prantos. E o choro não parava. Eu inevitavelmente presenciando aquilo, sem saber o que fazer. Logo depois a amiga também começou a chorar. Eu, bem brasileira, não sabia se chorava junto ou se levantava e ia abraçar as duas. Confesso que tive que me conter. Achei mais sensato ir à cozinha e deixá-las mais a vontade. Ela não dormiu no quarto essa noite. Quase fiz um bilhete e traduzi no google, perguntando se ela tava melhor e se eu poderia ajudá-la de alguma forma. Mas nem ia adiantar, ela não apareceu o dia todo e provavelmente também não dormirá hoje aqui. Não sei o que é maior, minha preocupação ou minha curiosidade. Mas que estou louca pra ver o fim dessa história, há isso estou...


12 comentários:

  1. Menina,
    não vou perder o próximo capítulo dessa novela... será que ela perdeu alguém da família?
    beijos.

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  2. Cyn, querida, fiquei tão feliz, mas tão feliz qdo vi o "anúncio" de seu blog!!!
    Amei toda essa loucura com a turca! fiquei rindo muito aqui. Imaginando vc abraçando as duas, consolando...
    Olha, qdo eu viajei, eu passei por várias experiências loucas e únicas(vc pode imaginar, né) q eu pensava q jamais sairiam de minha lembrança. Hj vejo q as lembranças não são tão nítidas, às vezes lembro o causo, mas não lembro onde aconteceu...por isso insisti tanto pra vc relatar tudo. Não só pras pessoas acompanharem, mas pra vc guardar como seu diário de um período q será mágico em sua vida.
    Amei! Mta saudades de tu!

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  3. Huahuahuahuahua.... Amiga, tô chorando de rir aqui!!! Juro q não consigo imaginar vc dividindo o quarto com uma pessoa sem conversar com ela. Huahuahua....
    Amei a idéia do blog! Virei aqui sempre ver as novidades!
    Bjos... saudades!
    Fê =)

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  4. Gente, coitada da turca... q será q aconteceu com ela? Cynthia, nos mantenha atualizadas! Fiquei curioséééérrima!
    Bjos,
    Aninha (irmã da Fê)

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  5. Xará, estou aqui me coçando de curiosidade com o caso da Turca. Vou já pesquisar umas palavras em turco pra vc perguntar pra ela qual é o causo...kkkkkkk
    Bjos!! Sinto que terei momentos maravilhosos rindo de suas peripércias!! Bjocas!

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  6. Assim você nos mata de curiosidade também! Por favor nos conte o próximo capítulo, isso se a turca voltar antes de você mudar, né? Rs

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  7. Pois eu ja to vendo a turca sapatão terminando com a girl dela na frente da Cynthia que tava boiando e nem entendeu o lance todo.
    Depois me conta como eh que se traduz no google? Quero pesquisar VELCRO! :P
    Sérgio.

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  8. Kkkkkkkkkkk.. Cintocaaa!!! Só com você mesmo!! Tô rindo até agora imaginando as cenas! Aproveite bastante e quero dicas depois!
    Bjocasss!!

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  9. Achei !!!!!
    To te acompanhand tb !!!! Beijos !

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  10. Serginho querido, saudades de ti! Smack!
    Discordo de sua conclusão, acho que a Turca está grávida, coitadinha.... Imagina a barra que vai ter que enfrentar!
    Mas a pergunta que não quer calar é: o que uma turca que não fala portugues está fazendo em uma universidade portuguesa? Estudando o que? Como???

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  11. Cyn, lembra de mim do AO ;)

    Adorei a história, que turca doida...
    Pode ter certeza que vc terá muitas coisas para contar por aqui.

    Um grande bjo.

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  12. amiga.....to me acaband de rirrrrrrrrr..eita saudades

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