terça-feira, 12 de janeiro de 2010

:: Filmes ::




Desde que tudo isso começou me sinto dentro de um filme. E cada dia que passa é ainda mais real essa sensação.


No aeroporto, durante a despedida o filme era drama Dentro do avião me senti parte integrante da " Família Buscapé". Tamanho era o meu entusiasmo com uma telinha de filme só pra mim. Assim que desci, me senti dentro de um filme com problemas de audio. As pessoas falavam com muitos chiados. Logo que me vi tentando carregar todas aquelas malas, o filme era de comédia, com cenas hilárias. Quando conheci Lisboa e sua parte histórica, o filme era de época. No metrô, o filme era "Ghost", com direito ao carinha do trem e tudo. Assim que cheguei em Coimbra, o hotel onde havia feito as reservas estava fechado, já eram umas 8:30 da noite, frio, nublado, eu e todas aquelas malas no meio de uma rua mal iluminada, o filme era de terror. Tentar achar alguém na rua, um táxi e um quarto disponível domingo à noite, tendo, para isso, que descer e depois subir oitos andares de escada, o filme foi de aventura. Já no novo hotel me senti em "Esqueceram de mim em NY". Bastou eu dar meia volta pela cidade pra ver o salgueiro lutador do "Harry Potter", tenho medo daquela árvore. Dois passos à frente vejo o próprio Rony Weasley e todos os seus irmãos, com direito a capa longa, chapéu pontudo, gravata, colete preto e cachecol colorido. Tinha certeza que era algo do tipo: festa à fantasia. Até o dia seguinte me deparar com umas 5 lojas que vendiam os mesmos trajes para estudantes. No Castelo em Sintra (foto), me senti praticamente a Hermione em Hogwarts. Já no albergue em Lisboa, foi a vez do Beco Diagonal, pois a entrada do hostel ficava dentro de uma loja de souvenir. Na cave Sandeman em Gaia, o filme era “Zorro”. Cheguei no auge do outono, com todas as folhas amareladas, o filme não podia ser outro: “Outono em NY”. Agora que começou o inverno, o filme é “A era do gelo”. No alojamento, o filme é "Albergue espanhol". Quando a turca, que divide o quarto comigo, recebe uma amiga o filme fica sem legenda. Quando estamos só eu e ela o filme é mudo. Ela não fala português e eu não entendo turco. Quando ando de ônibus e vejo todos aqueles velhinhos, bem velhinhos e super dispostos o filme é “Cocoon”. Quando vou de comboio e percebo que todos compram os bilhetes, mesmo sem ninguém pra cobrar o ticket, o filme é de ficção.  Na loja da MAC o filme foi "Os Delírios de Consumo de Becky Bloom". Na avenida comercial cheia de grifes famosas, o filme é “Sex and the city”. Esperando ansiosa minhas aulas começarem, o filme é "O fabuloso destino de Amelie Poulain". Sobram cenas, me fogem os títulos...

Só queria saber quando minha comédia romântica vai, enfim, começar...


domingo, 10 de janeiro de 2010

:: Anabela ::

"Você é um PONTO!"
 

sábado, 9 de janeiro de 2010

:: Chorei ::




Tenho recebido mensagens de carinho e conforto tentando me "consolar", desde o dia que cheguei. Acho que muitas pessoas esperavam que eu me desaguasse em lágrimas, assim que pisasse em terras portuguesas. O que ainda não aconteceu. Meu nível de encantamento com tantas novidades é tamanho que ainda me sinto de férias e entusiasmada até com o que sai errado. Sou só sorrisos. Mas admito que no meio de um mar de dias bons, um deles foi um tanto quanto ruim. Nada de tristeza, nada de saudade, nada de arrependimento, apenas pessoas difíceis em uma situação igual. Tava meio baqueada tentando me segurar.

Liguei o computador e entrei na internet na esperança de falar com pessoas amigas e me distrair um pouco.
E o que encontrei foi um e-mail do afilhado/sobrinho mais LINDO do mundo... Intitulado:  "A barba do Papai Noel"

Dizendo:  "Dinda! Tô morrendo de saudades!"

Achei que foi jogo baixo, não me contive, joguei a toalha
e chorei... igual o Francisco.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

:: A turca ::


Assim que cheguei ao alojamento soube que dividiria o quarto com uma turca. Passei o dia desfazendo minhas malas (acreditem isso me trouxe muito alivio, conto os detalhes depois) e esperando o retorno da turca ao quarto. As horas foram passando e nada da turca aparecer. As malas foram desfeitas e eu já repousava na cama tentando me acostumar com a nova situação que me encontrava. E a turca? Nada. Logo apareceu a responsável pelo corredor, para me orientar sobre as regras do lugar. Tentei arrancar alguma informação sobre a turca, sem ser muito direta. A notícia que recebi foi que ela não falava português, e nem inglês. Não sabia o que pensar na hora, a única coisa que me veio em mente foi que as noites em claro jogando Imagem e Ação não teriam sido em vão. Parecia piada. Logo eu que adoro conversar. A noite foi chegando e nada da turca aparecer. Fui me socializar na cozinha, e entre uma conversa e outra, tava eu de novo perguntando pela menina. Soube então que ela não era vista há dias. Fui dormir ainda na expectativa dela aparecer. O que não aconteceu, realmente ela tinha viajado. Eu que tava me sentindo invadindo o espaço alheio, já tinha tomado conta do lugar. Foi ótimo ter o quarto só pra mim por aqueles dias. O que me espantava era que as coisas dela estavam meio jogadas, como quem sai com pressa de manhã e de noite arruma. Mas logo descobri que ela não era bem quista no corredor, justamente por sua falta de organização e higiene. Confesso que desde os pensamentos mais primórdios sobre essa viagem, a primeira e única exigência que eu mesma me fazia, era ter um quarto individual, queria privacidade e um canto só pra mim. E de repente me vi ali... naquela situação dividindo o quarto com a ausência da turca. (Uma "pernsona no grata", com maus hábitos de higiene e que ainda por cima, não falava minha língua, ou seja, tudo o que sempre sonhei). Como programado viajei no recesso de Natal. Voltei dia 03 ainda de manhã. As aulas retomariam apenas no dia 09, imaginei então que ela não teria chegado. Para minha surpresa assim que avistei o alojamento, vi na janela do "meu" quarto, uma pessoa. Pensei... é a turca. Chegando ao quarto, encontro a minha parte completamente tomada, cheia de coisas dela e algumas coisas minhas mexidas, mas a turca mesmo, nada. Sem saber o que fazer, fui procurar Sr. Carlos, o responsável por tudo. Relatei a situação com uma certa revolta e ele super me deu razão. Orientou-me a tirar as coisas dela do meu espaço e me disponibilizou lençóis e toalhas limpas pra eu trocar. Voltando ao quarto com aquele kit, encontro a turca pasma com a minha entrada. A essa altura do campeonato eu estava um tanto quando indignada. Ela veio se justificando, eu não entendia uma palavra se quer. Ficou uma situação super chata e sem chance de ser esclarecida. Troquei a cama, desfiz minhas malas, arrumeis minhas coisas, quando eis que batem na porta. Achei que era o Sr. Carlos vindo ver o resultado. Mas não, era a turca!!! Quem estava no quarto era uma amiga dela. Nessa hora eu já estava quase dando um faniquito. Porem, primeiro nunca me senti tão sem ter o que falar e segundo, a cara de espanto dela foi tãaaao maior que a minha revolta, que achei melhor nem tentar me manifestar. Ficaram as duas lá cochichando (como se eu entendesse alguma coisa) e mais assustadas que tudo. Resolvi dar uma volta na cidade pra elas terem mais espaço de se resolverem.


Passados três dias, não sei se foi o susto do primeiro encontro, se é da cultura turca, ou se foi a falta de uma língua em comum, nossa comunicação basicamente se resumiu em good night e good morning. Mas apesar disso, acredito que nossa convivência tenha sido pacifica. Ontem ela recebeu outra amiga aqui no quarto (a terceira nesse período, descobri toda uma comunidade turca no alojamento, ainda bem que não "rodei a baiana" no primeiro dia) a conversa começou animada, mas logo senti o clima pesando. Bastou poucos minutos pra turca estar aos prantos. E o choro não parava. Eu inevitavelmente presenciando aquilo, sem saber o que fazer. Logo depois a amiga também começou a chorar. Eu, bem brasileira, não sabia se chorava junto ou se levantava e ia abraçar as duas. Confesso que tive que me conter. Achei mais sensato ir à cozinha e deixá-las mais a vontade. Ela não dormiu no quarto essa noite. Quase fiz um bilhete e traduzi no google, perguntando se ela tava melhor e se eu poderia ajudá-la de alguma forma. Mas nem ia adiantar, ela não apareceu o dia todo e provavelmente também não dormirá hoje aqui. Não sei o que é maior, minha preocupação ou minha curiosidade. Mas que estou louca pra ver o fim dessa história, há isso estou...


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

:: Mudanças ::



A vida é cheia delas. E servem pra nos tirar do automático.
Para falar... agora preciso pensar.
Eu que adorava chamar ônibus de busão, tento me acostumar com "autocarro". Moça agora é "rapariga", rapaz é "gajo", parada é "paragem", gostaria é "gostava", controle é "controlo", lembre-se é "lembra-te", lugar é "sítio", bolsa é "mala", jeans é "ganga", trem é "comboio", todo mundo é "toda gente", tudo bem? é "estás boa?", creme de leite é "nata", cel é "tlm", balão é "rotunda", papai noel é "pai natal", muito é "um bocado", copa do mundo é "mundial", canudo é "palinha", vaso é "sanita", banheiro é "casa de banho", esmalte é "verniz", cardigan é "camisola", calcinha é "cueca", carona é "boleia", legal é "giro", bunda é "rabo", banho é "duche", 8:15 é "oito e um quarto", 9:40 é "dez menos vinte", nome é "apelido", menino é "miúdo", criança é "Puto", viado é "paneleiro",  liquidação é "saldo", brega é "perua", vagabunda é "cabra", goleiro é "guarda redes", panela é "tacho", terno é "fato", estampa é "padrão", concreto é "betão", suco é "sumo", geladeira é "frigorifico", açougue é "talho", coca é "cola", brocolis é "brocolo", repolho é "couve", graça é "piada", prova é "frequência"...
Cada dia reaprendo uma palavra nova para uma coisa velha.

Na escola fui alfabetizada em português, mas tentam me convencer que foi em "brasileiro". Acho até mais bonito, se puder mudar isso também, voto a favor!